São Paulo, sexta-feira, 06 de janeiro de 2006

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CAMPO

Estimativa é do IBGE, se clima não quebrar safra como em 2005, quando a colheita de grãos foi 5,5% menor que a de 2004

Safra de 2006 pode ser maior da história

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Conforme apontavam as previsões, a safra de 2005 frustrou as expectativas: ficou em 112,715 milhões de toneladas, 5,5% menor do que a colheita de grãos de 2004 (119,294 milhões de toneladas). Para 2006, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) crê em recuperação, com alta de 13,22% na produção agrícola.
Neste ano, o crescimento da safra, que deve alcançar 127,612 milhões de toneladas, ocorrerá apenas por causa dos ganhos de produtividade no campo, já que os dados coletados indicam uma queda de 4,68% na área plantada.
Tal retração, diz o IBGE, reflete a crise da agricultura em 2005 -que reduziu a renda e aumentou as dívidas dos agricultores- e os baixos preços de alguns produtos, como a soja e o arroz.
"O ano de 2006 é um ano de recuperação e de ganho de produtividade, que deve voltar ao normal após a estiagem prolongada de 2005, que gerou quebra de safra. Neste ano, há alguns pequenos focos de estiagem, mas nada comparável a 2005, que afetou especialmente o Sul", disse Neuton Alves Rocha, do IBGE.
Em 2005, deixaram de ser colhidas 6,5 milhões de toneladas de grãos. As lavouras de milho e soja foram as mais afetadas pela seca, que castigou principalmente o Rio Grande do Sul, além de Santa Catarina, Paraná e parte do Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Pelos dados do IBGE, serão ou já foram plantados para a safra deste ano 47,604 milhões de hectares -0,58% menos do que em 2005, quando as estimativas iniciais apontavam para uma safra recorde de 130 milhões de toneladas. Se em 2006 o clima não atrapalhar mais uma vez, a colheita será a maior da história do país.
O que preocupa, porém, são os baixos preços, diz Rocha, que desestimulam agricultores a expandir a produção, principalmente de algodão, arroz e feijão.
Com base na área plantada, o IBGE espera queda na produção de algodão herbáceo em caroço (-24,24%), amendoim (-17,15%) e arroz (-11,60%). Por outro lado, espera crescimento da colheita de cana (1,07%) -sob efeito da maior produção de álcool para os motores bicombustíveis-, cebola (4,80%), feijão (29,28%), fumo (9,46%), mandioca (2,47%), milho (27,22%) e soja (15,83%).
Para a soja, o IBGE vê uma tendência de queda da área plantada. Segundo o instituto, o plantio já acabou nos principais pólos produtores -as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e o Estado da Bahia.
O IBGE estima uma produção de soja de cerca de 59,2 milhões de toneladas -16% superior a de 2005 (51,138 milhões de toneladas). Segundo o IBGE, a área plantada será 6% menor, mas a produtividade aumentará 21%, ficando em 2.695 kg por hectare plantado. Para o IBGE, as "perspectivas pessimistas" sobre os preços da soja permanecem -os estoques mundiais seguem altos.


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