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NY negocia mais ações brasileiras que SP
As 32 empresas nacionais listadas na Bolsa dos EUA movimentaram US$ 556 bi em 2007, ante US$ 529 bi transacionados na Bovespa
Apenas oito companhias
responderam por 84% do
total das transações feitas
pelas ADRs brasileiras na
Bolsa de Nova York em 2007
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Pelo segundo ano consecutivo, o volume negociado em
ações de companhias brasileiras listadas na Bolsa de Nova
York, as chamadas ADRs, foi
superior ao total transacionado
pela Bovespa. A exemplo da
Bolsa de SP, as movimentações
das ações das companhias brasileiras em Nova York também
registraram recordes em 2007.
Nos Estados Unidos, as 32
empresas brasileiras listadas
na Bolsa de Nova York negociaram em 2007 um total de US$
555,6 bilhões, crescimento de
120,2% em relação ao ano anterior. Já na Bovespa, o total foi
de US$ 528,9 bilhões, 128%
mais que em 2006. Nos dois casos, o volume total superou a
casa de R$ 1 trilhão pela primeira vez na história.
Os cálculos foram feitos pela
empresa de consultoria Economática e levam em conta, nos
números da Bovespa, o volume
financeiro negociado no mercado à vista/lote padrão. Não
foram considerados os negócios realizados pela Bovespa
nos mercados de opções e fracionários, entre outros.
"Pode-se dizer que há uma
Bovespa sendo negociada na
Bolsa de Nova York", afirma Einar Rivero, economista da Economática.
O estudo mostra que existe
uma concentração muito grande nos negócios na Bolsa de Nova York em oito companhias:
Vale, Petrobras, Unibanco,
Bradesco, Itaú, CSN, Gerdau e
AmBev. O volume negociado
pelos papéis dessas empresas
responde por 84% do total de
transações feitas pelas ADRs
brasileiras em Nova York. Já as
ações equivalentes na Bovespa
respondem por 44,1% do total
negociado no Brasil.
Entre as ADRs, o maior destaque foi a ação ordinária da
Vale, que movimentou um total
de US$ 141,5 bilhões em Nova
York, um crescimento de
227,3% em relação a 2006. Já
na Bovespa, o total negociado
da ação ordinária da Vale foi de
US$ 15,7 bilhões, 176,4% mais
que no ano anterior.
Em segundo lugar na Bolsa
de Nova York ficou a ação ordinária da Petrobras, que negociou US$ 107,9 bilhões no ano
passado, 89,1% mais que em
2006. Já na Bovespa, o volume
negociado do mesmo papel foi
de US$ 13,6 bilhões, um crescimento de 122,3% em relação ao
ano anterior.
A diferença muito maior de
ações ordinárias de Vale e Petrobras em Nova York se explica pelo fato de o estoque desses
papéis ser mais expressivo nesse mercado. No início da década, o governo realizou grandes
emissões dessas ações na Bolsa
de Nova York para captar recursos para o Tesouro. Na época, a Bolsa brasileira ainda sofria a taxação da CPMF e isso
afugentava empresas e investidores do mercado de capitais.
Os investimentos na Bovespa
não sofrem a cobrança da
CPMF desde 2002, e, por isso,
não deixa de ser surpreendente
o fato de, pelo segundo ano
consecutivo, o volume de negócios com ações de companhias
brasileiras em Nova York ter
superado o giro da Bovespa.
De acordo com o economista
Caio Megale, sócio da Mauá Investimentos, esse comportamento favorável dos papéis de
empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York reflete o megaapetite dos investidores estrangeiros por companhias daqui. Ele não considera
uma concorrência predatória
para a Bovespa, mas até um sinal de que há espaço para atrair
mais investimentos de fora para o mercado brasileiro. "É melhor que esses investimentos
sejam feitos em ADRs de empresas brasileiras do que em
ações de outros países."
Na opinião do economista, se
o Brasil for promovido neste
ano a grau de investimento pelas agências de "rating", que
significa uma espécie de selo de
qualidade do crédito e das instituições brasileiras, a Bovespa
terá condições de atrair ainda
mais recursos estrangeiros. O
jogo então poderá virar a favor
da Bolsa de São Paulo.
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