São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2009

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Renault vai suspender mil funcionários por 5 meses

Acordo com o sindicato no PR visa evitar demissões por causa da crise

Trabalhadores terão seguro-desemprego e empresa fará complementação financeira; fórmula pode ser estendida a todos os metalúrgicos no PR


DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Metalúrgicos da montadora Renault aceitaram ontem, em assembleia, suspender por cinco meses o emprego de cerca de mil trabalhadores da unidade de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
A medida tem o objetivo de evitar demissões imediatas por causa da crise internacional.
Pelo acordo entre trabalhadores e montadora, eles não vão trabalhar durante esse período, mas terão direito à antecipação do pagamento do seguro-desemprego e a uma complementação financeira da empresa para atingir o valor integral de seu salário. Os funcionários receberão também uma bolsa de qualificação profissional, paga pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Segundo o sindicato, o acordo evita perdas salariais reais.
Os cinco meses de interrupção do trabalho também serão usados para computar o pagamento de férias, 13º salário e FGTS. Mas o período não poderá ser incluído na aposentadoria porque, na prática, não haverá folha de pagamento.
Os funcionários suspensos correspondem a 33% da força de trabalho da fábrica da Renault. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Cláudio Gramm, afirmou que foi o único meio de preservar os postos e evitar a demissão dos trabalhadores no retorno das férias coletivas, ontem.
No final do prazo de cinco meses de suspensão dos empregos, representantes da montadora e sindicato voltam a se reunir para discutir o cenário econômico e medir a viabilidade de manter ou não as vagas. "A empresa mostra que acredita na retomada econômica. Do contrário, ela já teria demitido os mil funcionários agora em janeiro", disse Gramm.
Alegando dificuldades para garantir novos pedidos de compra, a Renault concedeu férias coletivas aos trabalhadores desde 25 de novembro. Segundo o sindicato dos metalúrgicos, os estoques da Renault poderiam deixar a fábrica sem operar por dois meses.
Por meio de sua assessoria, a direção da Renault no Brasil informou que não comentaria as medidas negociadas com o sindicato dos trabalhadores.
A Renault somou-se a outras grandes empresas do polo automotivo do Paraná que reagiram aos efeitos da crise internacional. No final do ano passado, Volvo, Bosch e New Holland anunciaram, juntas, 980 demissões por causa de dificuldades registradas com a crise financeira.
O Sindicato da Indústria Metalúrgica do Paraná prevê que o setor automotivo perca a partir deste mês cerca de 5.000 empregos, o equivalente a 13% do total de trabalhadores.
Em caso de ameaça de demissão, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos informou que quer estender a todo o setor a mesma forma de negociação fechada com a Renault.
A interrupção do trabalho também foi adotada pela PSA Peugeot Citroën. A montadora já anunciou que deixará 700 trabalhadores suspensos com licença remunerada por três meses em sua planta de Porto Real, no RJ. Outros 2.600 retomaram as atividades ontem.

Férias coletivas
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos afirmou que a GM irá conceder novo período de férias coletivas na fábrica entre o dia 12 de janeiro e 11 de fevereiro. A medida afetaria 300 trabalhadores da linha de produção de motores. A GM não confirmou.
Na linha de montagem de veículos, a maior parte dos trabalhadores retornou das férias coletivas ontem ou retornará ao longo desta semana.

Colaborou a Reportagem Local



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