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Renault vai suspender mil funcionários por 5 meses
Acordo com o sindicato no PR visa evitar demissões por causa da crise
Trabalhadores terão seguro-desemprego e empresa fará complementação financeira; fórmula pode ser estendida a todos os metalúrgicos no PR
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Metalúrgicos da montadora
Renault aceitaram ontem, em
assembleia, suspender por cinco meses o emprego de cerca de
mil trabalhadores da unidade
de São José dos Pinhais, região
metropolitana de Curitiba.
A medida tem o objetivo de
evitar demissões imediatas por
causa da crise internacional.
Pelo acordo entre trabalhadores e montadora, eles não
vão trabalhar durante esse período, mas terão direito à antecipação do pagamento do seguro-desemprego e a uma complementação financeira da empresa para atingir o valor integral de seu salário. Os funcionários receberão também uma
bolsa de qualificação profissional, paga pelo FAT (Fundo de
Amparo ao Trabalhador). Segundo o sindicato, o acordo evita perdas salariais reais.
Os cinco meses de interrupção do trabalho também serão
usados para computar o pagamento de férias, 13º salário e
FGTS. Mas o período não poderá ser incluído na aposentadoria porque, na prática, não haverá folha de pagamento.
Os funcionários suspensos
correspondem a 33% da força
de trabalho da fábrica da Renault. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da
Grande Curitiba, Cláudio
Gramm, afirmou que foi o único meio de preservar os postos
e evitar a demissão dos trabalhadores no retorno das férias
coletivas, ontem.
No final do prazo de cinco
meses de suspensão dos empregos, representantes da
montadora e sindicato voltam a
se reunir para discutir o cenário econômico e medir a viabilidade de manter ou não as vagas.
"A empresa mostra que acredita na retomada econômica. Do
contrário, ela já teria demitido
os mil funcionários agora em
janeiro", disse Gramm.
Alegando dificuldades para
garantir novos pedidos de compra, a Renault concedeu férias
coletivas aos trabalhadores
desde 25 de novembro. Segundo o sindicato dos metalúrgicos, os estoques da Renault poderiam deixar a fábrica sem
operar por dois meses.
Por meio de sua assessoria, a
direção da Renault no Brasil informou que não comentaria as
medidas negociadas com o sindicato dos trabalhadores.
A Renault somou-se a outras
grandes empresas do polo automotivo do Paraná que reagiram aos efeitos da crise internacional. No final do ano passado, Volvo, Bosch e New Holland anunciaram, juntas, 980
demissões por causa de dificuldades registradas com a crise financeira.
O Sindicato da Indústria Metalúrgica do Paraná prevê que o
setor automotivo perca a partir
deste mês cerca de 5.000 empregos, o equivalente a 13% do
total de trabalhadores.
Em caso de ameaça de demissão, a direção do Sindicato
dos Metalúrgicos informou que
quer estender a todo o setor a
mesma forma de negociação fechada com a Renault.
A interrupção do trabalho
também foi adotada pela PSA
Peugeot Citroën. A montadora
já anunciou que deixará 700
trabalhadores suspensos com
licença remunerada por três
meses em sua planta de Porto
Real, no RJ. Outros 2.600 retomaram as atividades ontem.
Férias coletivas
O Sindicato dos Metalúrgicos
de São José dos Campos afirmou que a GM irá conceder novo período de férias coletivas
na fábrica entre o dia 12 de janeiro e 11 de fevereiro. A medida afetaria 300 trabalhadores
da linha de produção de motores. A GM não confirmou.
Na linha de montagem de
veículos, a maior parte dos trabalhadores retornou das férias
coletivas ontem ou retornará
ao longo desta semana.
Colaborou a Reportagem Local
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