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Pão de Açúcar cria equipe para aquisições
Com R$ 1,4 bilhão em caixa, grupo quer aproveitar oportunidades que começam a aparecer com crise
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com R$ 1,4 bilhão em caixa, o
Pão de Açúcar começa o ano
com planos de crescer de maneira agressiva. Há dois meses,
o grupo varejista montou uma
equipe interna de fusões e aquisições, além contratar a consultoria PricewatherhouseCoopers e o banco BBA. O objetivo
é aproveitar as oportunidades
que surjam em razão da crise.
"Ao montar essa estrutura,
nos organizamos para fazer
aquisições de forma estruturada e menos impetuosas", afirma Claudio Galeazzi, presidente do grupo Pão de Açúcar. "Nas
últimas semanas, o diálogo tem
sido mais fácil com as empresas
e os preços têm ficados mais
atraentes."
Segundo Galeazzi, o grupo
está analisando cerca de 15
oportunidades, sendo que algumas são redes de drogarias e
postos de gasolina. Hoje, o grupo fatura R$ 3 milhões ao dia
com a venda de combustíveis.
"Estamos sendo pró-ativos
na busca por oportunidades e
queremos negócios que tenham sinergias para gerar tráfego de consumidores nas lojas", diz Galeazzi.
Crescimento orgânico
Além de crescer por meio de
aquisições, o Pão de Açúcar
também pretende abrir cem lojas em 2009. A expectativa de
investimento é de R$ 1 bilhão,
que também serão gastos em
tecnologia e logística.
"Nosso primeiro objetivo é
manter a saúde econômica e financeira da empresa, e todo o
plano dependerá do desempenho da economia brasileira",
diz Galeazzi.
Apesar de ressaltar que a expansão orgânica será balizada
pelo bom senso, Galeazzi diz
que há muito boas chances de
serem abertas entre 60 e 70 lojas neste ano. A maior parte levará as bandeiras Extra Fácil e
Assaí. No ano passado, a rede
planejara investir R$ 1,3 bilhão.
Cortado para R$ 700 milhões, o
valor gasto não chegou a R$
500 milhões ao fim de 2008.
Para este ano, no entanto, os
investimentos para a área imobiliária estão garantidos. Estão
sendo destinados R$ 160 milhões para a compra de terrenos neste ano, sendo que o banco de terras do grupo dobrou
nos últimos 12 meses.
"Com a retração da construção civil, começam a surgir excelentes oportunidades de terrenos", afirma Caio Mattar, vice-presidente do grupo.
Hoje, o Pão de Açúcar tem,
dentro de suas lojas, outras
3.500 lojas pequenas, cuja área
equivale a dois shoppings Morumbi. Segundo Mattar, o grupo espera um momento mais
favorável do mercado para começar a explorar mais fortemente a área imobiliária, aproveitando os terrenos onde estão os supermercados.
Além das chances de crescimento, Galeazzi diz que as negociações com fornecedores estão sendo beneficiadas com a
crise. Segundo ele, há muitos
fornecedores estrangeiros altamente estocados. "Com a retração do mercado americano,
eles tratam nossa trading de
maneira diferente", diz Mattar.
Isso evitará um provável reajuste de preços em razão da alta
do dólar. "Quanto mais o tempo
passa, mais estocados esses fornecedores ficam", diz Galeazzi.
"Numa crise, as empresas concorrem por participação de
mercado e usam o atrativo do
preço, que tende a permanecer
em baixa."
De acordo com Eugenio Foganholo, sócio da consultoria
Mixxer, esse deverá ser um
bom ano para os supermercados, tradicionalmente beneficiados com a queda nas vendas
de bens mais caros. "As grandes
empresas que estão com caixa
têm a possibilidade de se beneficiarem duplamente, uma vez
que surgem outras oportunidades", diz Foganholo.
O Pão de Açúcar também divulgou ontem suas vendas de
dezembro, que subiram 9,3%
com relação ao mesmo mês do
ano anterior. Pela primeira vez,
as vendas de alimentos cresceram mais do que a de não-alimentos, mostrando os sinais da
retração no consumo de bens
duráveis. No ano, a receita do
grupo somou R$ 21 bilhões, alta
de 18,2% em relação a 2007.
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