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ANÁLISE
Empresa busca manter liderança na web móvel
MIGUEL HELFT
DO "NEW YORK TIMES"
A rápida ascensão do celular
inteligente como um aparelho
versátil de computação pode
representar tanto um desafio
quanto uma oportunidade para
o Google, que construiu seu bilionário império com base quase exclusiva em pequenos
anúncios em formato de texto
vinculados a resultados de buscas feitas em computadores.
À medida que as pessoas passam a recorrer cada vez mais a
poderosos celulares, e não a
computadores, para acessar a
internet, seus hábitos de navegação devem mudar. Além disso, a publicidade on-line pode
perder seu papel como principal propulsor econômico da
web, e isso colocaria em questão a liderança do Google.
"O novo paradigma é a computação móvel e a mobilidade",
disse David Yoffie, professor da
Harvard Business School. "Isso
tem o potencial de alterar o cenário econômico da internet e
produzir uma nova redistribuição dos lucros", afirmou.
Nas últimas décadas, o poder
de gigantes do setor como IBM
e Microsoft, visto em dados
momentos como inabalável,
decresceu com a transição de
mainframes para computadores pessoais e destes para a internet. Muitos analistas dizem
que agora é o Google que encara um futuro menos certo,
diante de uma nova virada.
Ainda assim, afirmam que a
empresa antecipou a tendência
anos atrás e que vem se preparando para ela.
"Estamos muito entusiasmados com as oportunidades que
vemos no segmento móvel",
disse Vic Gundotra, vice-presidente de engenharia do Google
encarregado de aplicativos móveis. "Investimos montantes
consideráveis, e agora somos
capazes de oferecer uma experiência móvel realmente convincente aos usuários."
Importantes executivos do
Google vêm dizendo há muito
que a internet móvel é a maior
oportunidade de crescimento
novo da empresa. Orquestraram uma sucessão de aquisições de empresas de tecnologia
para comunicação móvel, como
a Android, criadora de sistema
operacional para celulares, e a
AdMob, rede de publicidade
para aplicativos móveis.
O Google também investiu
de forma muito mais agressiva
que os concorrentes em tecnologias de mapeamento e serviços de localização do usuário,
que provavelmente terão papel
vital em novos sistemas publicitários para celulares com
chips do sistema GPS. E o Google age sistematicamente para
afrouxar o domínio de outras
companhias na internet móvel.
O Nexus One é um desafio
para a Apple, nova potência de
comunicação móvel com o seu
iPhone, dominante entre os celulares inteligentes de preço
mais alto. Analistas dizem que,
com o Nexus One, a empresa
tenta se libertar da crescente
influência da Apple. O aparelho
deve ser vendido desbloqueado, o que permitirá aos usuários adquirir o plano de telefonia móvel que preferirem.
Gundotra disse que todas as
ações do Google na comunicação móvel foram motivadas por
um objetivo: forçar a abertura
do setor para reproduzir na telefonia móvel o ambiente que
permitiu o crescimento explosivo da web nos computadores.
Alguns analistas dizem que o
sucesso inicial do sistema operacional Android, adotado por
muitos fabricantes de celulares, mostra que o Google já está
derrotando a Microsoft, sua
maior rival, no setor móvel.
Mas restam perguntas: será
que a publicidade manterá seu
papel central na economia da
web quando mais consumidores trocarem computador por
celular? E os aplicativos farão
com que as pessoas dependam
menos de serviços de busca?
Os anúncios em formato de
texto do Google são vendidos
por um sistema de leilão, e os
analistas afirmam que alguns
dos mais lucrativos são os veiculados em tarefas que requerem pesquisa intensiva, como
busca de imóvel ou contratos
de hipoteca. É mais provável
que tarefas como essas continuem sendo feitas no computador, não em um celular.
As previsões sobre o potencial de crescimento da publicidade móvel variam muito. Relatório recente do Morgan Stanley diz que, enquanto a publicidade responde por 40% da receita na internet fixa, na móvel
é só 5%. Isso pode mudar com o
uso de tecnologias mais personalizadas, como promoções baseadas na localização do usuário, que podem abrir uma nova
era de crescimento no marketing digital.
Ao mesmo tempo, pesquisas
mostram cautela dos usuários
quanto a anúncios que podem
ocupar muito espaço na pequena tela do celular. E o usuário
de celular parece mais disposto
a pagar por aplicativos e conteúdo do que o de computador,
o que pode reduzir a importância da publicidade. Gundotra
desconsidera essas preocupações. E diz que o ritmo de crescimento da receita na web móvel reproduz o visto no início da
venda de publicidade na fixa.
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