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Bolsas americanas têm o pior dia do ano
Dados do setor de serviços e declaração de dirigente do BC dos EUA fazem Dow Jones ter maior queda desde fevereiro de 2007
Merrill Lynch diz que é grande a chance de o Fed realizar um novo corte antes
da sua próxima reunião, que
ocorre em 18 de março
David Karp/Associated Press
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Corretores na Bolsa de Nova York; Dow Jones caiu 2,93% ontem |
DA REDAÇÃO
As Bolsas dos EUA tiveram
ontem o seu pior dia no ano,
com dados do setor de serviços
americano alimentando ainda
mais os temores de recessão na
principal economia mundial.
Declarações de um dirigente do
Fed (o BC dos EUA), que sinalizou riscos de estagflação (baixo
crescimento e inflação alta),
também colaboraram para a
queda nos mercados
O índice Dow Jones, da Bolsa
de Nova York, caiu 370,03 pontos, a sua maior queda desde
agosto de 2007, o que representou um declínio de 2,93%, o
maior desde 27 de fevereiro de
2007, na época da turbulência
nos mercados chineses. O S&P
500 se desvalorizou em 3,20%,
e a Nasdaq, de empresas de tecnologia, caiu 3,08%.
"Existe muita coisa com o
que se preocupar sobre a economia", afirmou Howard Silverblatt, analista da Standard &
Poor's. "A principal dificuldade
é que nós não sabemos o quão
ruim está." Segundo ele, os setores financeiro, de telecomunicações e de energia, que vinham se recuperando nos últimos dias, foram os mais afetados pela queda de ontem, com
os sinais de que a desaceleração
está continuando a se espalhar
por toda a economia.
O medo de recessão nos EUA
também derrubou os mercados
europeus, que tiveram forte
desvalorização. A Bolsa de Paris retrocedeu 3,96%, e a de
Frankfurt, 3,36%. Em Londres,
a queda foi de 2,63%. Na América Latina, a Bolsa mexicana
caiu 4,56%, e o índice Merval,
da de Buenos Aires, 1,43%. A
Bovespa não funcionou devido
ao feriado de Carnaval.
Os mercados asiáticos, que
fecharam antes da divulgação
dos dados do setor de serviços
nos EUA, terminaram em baixa
devido ao resultado negativo
nas Bolsas americanas no dia
anterior e com o corte na previsão de lucro de empresas.
O índice Nikkei, da Bolsa de
Tóquio, caiu 0,82%. As Bolsas
de Xangai (China) e Hong
Kong, que só voltam a operar
na semana que vem por causa
do feriado do Ano Novo Lunar,
fecharam em baixa de 1,55% e
0,89%, respectivamente. Pelo
mesmo motivo, outros mercados da região não operam amanhã e sexta.
Dados do instituto de pesquisa privado ISM (Institute for
Supply Management) mostraram que o mercado de serviços
em janeiro nos EUA se contraiu
pela primeira vez desde março
de 2003. O índice do setor caiu
para 41,9 pontos, ante 54,4
pontos em dezembro. Ele varia
de 0 a 100 pontos, e resultados
abaixo de 50 pontos apontam
retração no setor.
Esta foi a maior queda nos
mais de dez anos da história do
levantamento e o pior resultado desde outubro de 2001, logo
após os ataques terroristas do
11 de Setembro.
"Os dados são terríveis", disse Nigel Gault, economista-chefe da Global Insight. "Eles
mostram claramente que provavelmente isso não é apenas
uma desaceleração no primeiro
semestre do ano, mas uma recessão. O quadro geral que está
surgindo é que a economia está
se contraindo."
Para Stephen Stanley, economista-chefe da RBS Greenwich
Capital, os dados de ontem são
"o sinal mais inequívoco" que a
economia está enfraquecendo.
"Não tem nada nesse relatório
que fosse reparador", disse ao
site da CNN. "Foi simplesmente terrível."
O estudo também mostrou
que 24% dos empregadores do
setor de serviços reduziram o
número de funcionários (eram
13% em dezembro) e apenas
6% contrataram mais trabalhadores -ante 16% no mês anterior. Na última sexta-feira, o
governo dos Estados Unidos divulgou que o mercado de trabalho eliminou 17 mil vagas no
mês passado, o primeiro resultado negativo desde agosto de
2003.
O setor de serviços foi um dos
que contribuíram menos para o
crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) dos Estados
Unidos no quarto trimestre do
ano passado ante os três meses
anteriores. Ele colaborou com
uma expansão de 0,67 ponto
percentual no último trimestre, depois depois de ajudar no
aumento de 1,20 ponto percentual de julho a setembro.
A economia dos EUA cresceu
0,6% no quarto trimestre de
2007, o menor avanço em cinco
anos e 4,3 pontos percentuais
inferior ao resultado dos três
meses anteriores.
Fed
O presidente da divisão regional do Fed em Richmond,
Jeffrey Lacker, disse que os últimos dados sobre a economia
americana, como os do mercado de trabalho, elevaram a probabilidade de uma recessão.
"Eu acho que os riscos aumentaram", afirmou, sem, no entanto, quantificá-los.
Ele disse ainda que podem
ser necessários novos cortes na
taxa de juros básica para garantir o crescimento. Ao mesmo
tempo, demonstrou preocupações com a inflação, sinalizando o temor de estagflação.
O banco central dos Estados
Unidos cortou os juros duas vezes no mês passado -a primeira delas em uma reunião emergencial, o que não ocorria desde
2001-, para 3%. O próximo encontro está marcado para o dia
18 de março, e o Merrill Lynch
disse que é grande a chance de
um novo corte emergencial.
Com o "New York Times" e Reuters
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