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Empresas com dívida no exterior terão até US$ 36 bi das reservas
Primeira parcela de recursos a serem emprestados pelo BC deve sair no dia 27; medida ajudará a normalizar crédito, diz Meirelles
Crédito será concedido só a bancos instalados no Brasil,
que, por sua vez, só podem
repassar os recursos para
empresas instaladas no país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central está disposto a repassar até US$ 36 bilhões
das reservas em moeda estrangeira do governo para empresas que estejam com dificuldades para refinanciar dívidas no
mercado externo. Os recursos
serão emprestados pelo BC em
várias parcelas -a primeira deve ser liberada no dia 27.
O valor a ser liberado equivale ao total de parcelas da dívida
externa contraída por empresas instaladas no Brasil que têm
vencimento programado entre
outubro de 2008 e dezembro
deste ano.
Atualmente, as reservas internacionais do governo estão
em US$ 200 bilhões. O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirma que a instituição
tem recursos suficientes para
financiar todos os US$ 36 bilhões em dívidas que vencem
nesse período, mas estima que
a procura deva ficar em torno
de US$ 20 bilhões. "A expectativa é que as empresas consigam rolar parte desses vencimentos por conta própria", diz.
O socorro do BC será liberado da seguinte maneira: a empresa que estiver interessada
na linha de crédito deve procurar um banco para apresentar o
valor e o cronograma de vencimento de sua dívida contraída
no exterior. Com essas informações, a instituição financeira procura o BC e se candidata a
um empréstimo em dólar.
O BC irá, então, conceder um
empréstimo em dólares com
prazo de um ano para o banco,
desde que tenham sido apresentadas garantias de que esse
financiamento será mesmo pago no seu vencimento. Só então
a instituição financeira repassa
os recursos à empresa.
Na operação, o BC irá cobrar
dos bancos juros correspondentes à Libor -taxa de referência no mercado externo-
mais 1,5% ao ano, que são os juros normalmente praticados
nos financiamentos de exportações. As instituições financeiras ficam livres para cobrar das
empresas a taxa que quiserem.
Segundo o presidente do BC,
Henrique Meirelles, a medida
deve ajudar a normalizar a
oferta de crédito. "Isso também
deve colaborar para a redução
do "spread" [bancário]."
Segundo Meirelles, um dos
problemas do mercado de crédito no Brasil é a dificuldade
que empresas, a maioria de
grande porte, estão tendo para
conseguir financiamentos externos. Sem ter sucesso no
mercado internacional, porém,
as companhias acabam recorrendo aos empréstimos concedidos pelos bancos brasileiros.
Os bancos, por sua vez, acabam reduzindo a concessão de
financiamentos para empresas
pequenas para atender as novas demandas das companhias
maiores que foram excluídas
do mercado externo.
Os empréstimos do BC só poderão ser concedidos a bancos
instalados no Brasil, que, por
sua vez, só podem repassar os
recursos para empresas instaladas no país. Meirelles disse
que, num prazo entre 30 e 40
dias, deverá regulamentar a
possibilidade de conceder esses
financiamentos a instituições
sediadas em outros países.
De acordo com ele, as operações com bancos internacionais ainda dependem de análise mais detalhada sobre a legislação de cada país, para evitar
que, em caso de inadimplência,
o Banco Central seja impedido
de cobrar a dívida.
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