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Benefício precisa ser
limitado, afirma Ciesp
DA REPORTAGEM LOCAL
O despacho aduaneiro expresso
-a "linha azul"- não pode ser
estendido a todo tipo de empresa,
na análise de Humberto Barbato,
diretor de comércio exterior do
Ciesp (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo).
"A quantidade de descaminho
[importação de mercadoria sem
passar pela alfândega] é enorme
no país. Entendo que somente as
empresas de notória responsabilidade e idoneidade devem ter esse
benefício", afirma Barbato.
A "linha azul", em sua opinião,
tem de ser elitizada. "Estender o
despacho aduaneiro expresso a
empresas menores é criar mais
uma válvula para estimular o descaminho de produtos. Olhe o tamanho do chamado mercado cinza de computadores no Brasil. Se
a Receita Federal flexibilizar essas
regras, corre o risco de essa situação se agravar ainda mais."
O diretor do Ciesp entende que
a "linha azul" deve ser concedida
a empresas que importam grande
quantidade de componentes, caso das indústrias eletroeletrônicas
e de telefones celulares. "Não é
para quem importa um ou dois
contêineres por mês", diz.
Um grande empresa, segundo
informa Barbato, tem estrutura
interna para fazer seu próprio
controle de recolhimento de impostos, o que já não acontece com
as pequenas e as médias. "O fato é
que, lamentavelmente, o que entra de produto subfaturado no
país é uma loucura. Entendo que
as empresas de grande porte precisam desse benefício até para
manter a sua competitividade. A
exportação de celular cresceu
muito. Se não houvesse "linha
azul", isso não teria sido possível",
afirma Barbato.
O coordenador-geral da Coana
(Coordenação Geral de Administração Aduaneira da Receita Federal), Ronaldo Lázaro Medina,
diz que o órgão quer que mais
empresas tenham acesso ao benefício da "linha azul". Diz, porém,
que todas têm de preencher os requisitos. "Não é tão simples obter
o despacho aduaneiro expresso."
A empresa precisa, segundo informa, atender a um programa de
qualidade fiscal aduaneiro, o que
significa regularizar eventuais
pendências com o fisco e elaborar
relatórios de auditoria para avalizar que os controles internos da
empresa garantam o cumprimento das obrigações tributárias e
aduaneiras, o que deve ser feito a
cada dois anos.
Andar na linha
"Para estar na "linha azul", não
basta a empresa ser "santinha". Ela
tem de provar que é "santinha" o
tempo todo", diz Ronaldo de Souza Forte, diretor-titular do Ciesp
Regional de Santos e diretor-adjunto de assuntos institucionais
da Santos Brasil, empresa que
opera o Terminal de Contêineres
de Santos. Até o fato de questionar o pagamento de um tributo
ou imposto na Justiça, segundo
ele, pode "arranhar a imagem" de
uma empresa que opera na "linha
azul" ou que está interessada em
entrar nesse sistema.
"As empresas têm milhões de
transações comerciais e procuram organizar sua vida tributária.
Como pode ocorrer involuntariamente algum equívoco, acredito
que elas se afastam da "linha azul".
É uma tarefa difícil manter a regularidade exigida nos requisitos de
concessão desse despacho", afirma Souza Forte.
O diretor do Ciesp Regional de
Santos diz que a iniciativa privada, por meio do Procomex (instituto formado por 63 entidades do
setor produtivo, organizações
não-governamentais, além de órgãos do poder público e agentes
do comércio exterior), quer tornar a "linha azul" mais popular.
"Eliminar burocracias e exigências, além de necessário, é uma
das metas do Procomex, que defende a modernização do comércio exterior brasileiro e a adoção
de um sistema aduaneiro que não
se preocupe só com a arrecadação", diz Souza Forte.
"Para que o país ganhe competitividade, é preciso garantir a confiabilidade, a agilidade e o controle das exportações e das importações."
(CR e FF)
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