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MERCADO
Itag e IGC, que dão condições melhores para acionistas em caso de venda da empresa, têm desempenho superior ao do Ibovespa
Índice que favorece minoritário sobe mais
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investidores estão cada vez
mais interessados em ações de
empresas que demonstram dar
maior atenção aos minoritários.
O desempenho dos diferentes
índices da Bovespa ilustram bem
esse movimento. Depois de liderarem as valorizações em 2005, os
índices Itag e IGC (Índice de Governança Corporativa) estão se
destacando novamente neste ano.
Enquanto o Ibovespa -principal índice da Bolsa, que reúne as
57 ações mais negociadas- tem
alta de 16,9% no ano (até o último dia 2),
o IGC subiu 20,1%, e o Itag, 24,6%.
No ano passado, a diferença foi
ainda maior: o Ibovespa deu
27,7%, o IGC subiu 43,7%, e o
Itag, 50,2%.
Há alguns anos, era mais comum ouvir histórias em que acionistas minoritários eram prejudicados em processos de venda ou
de fusão de companhias. Quando
havia negócios desse tipo, os detentores de ações PN (preferenciais) -que oferecem preferência
no recebimento de dividendos,
mas não dão direito a voto- ficavam a ver navios.
O Itag é o índice formado por
ações de 49 empresas que oferecem a seus investidores "tag
along" diferenciado -uma forma de corrigir a distorção referente aos papéis PN.
O "tag along" é a regra que diz
que, quando o controle de uma
empresa de capital aberto é vendida, os minoritários têm direito a
receber por suas ações ordinárias
pelo menos 80% do que foi pago
ao controlador. No caso dos detentores de ações preferenciais, a
regra não é estendida.
Nas ações que entram no Itag, a
empresa tem de oferecer ao minoritário que tem ação ON mais de
80% do preço obtido pelo controlador na hora da venda da companhia e/ou prolongar o direito do
"tag along" aos papéis PN.
Se a empresa não pertence ao
Itag e o controlador vende a parcela que detém na companhia, o
minoritário que tem ação preferencial pode ter de engolir prejuízo. Por exemplo: o controlador
recebe R$ 10 por ação ON. Pela
atual lei, o minoritário poderia receber, se vendesse seu papel ON,
R$ 8 (80%). Quem tivesse ação PN
poderia não ter direito a vender
nada ao novo controlador.
Por isso, muitos analistas consideram uma anomalia as ações
preferenciais, que não existem em
outros mercados acionários.
"A preocupação tem aumentado. Muitas das novas empresas
têm lançado ações no Novo Mercado [no qual só são negociadas
ações ON]. Essas novas companhias estão interessadas em ganhar credibilidade", afirma André Castro, gestor de renda variável da Sul América Investimentos.
Esse tipo de decisão ajuda a evitar conflitos futuros entre minoritários e controladores.
Analistas afirmam que melhores práticas de governança corporativa -entre elas, a extensão do
"tag along" a ações preferenciais- têm cada vez mais sido levadas em conta por investidores.
Para os estrangeiros, acostumados às regras dos mercados de
seus países, investir em ações PN
é algo até estranho: ao fazerem isso, passam a carregar um risco extra, que está embutido nas ações
PN no caso de a companhia ser
incorporada ou adquirida por outro grupo. Especialistas avaliam
que, no longo prazo, os índices
que reúnem as empresas com
boas práticas de governança corporativa devem se destacar ainda
mais ante índices mais técnicos,
como o Ibovespa -no qual o critério é a liquidez das ações.
Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner, não se
empolga muito com o atual desempenho de índices como o IGC
e o Itag. Mas diz que, aos poucos,
as empresas e os investidores estarão mais atentos e exigentes em
relação a direitos e deveres. "É
uma tendência que vai se propagar", diz o especialista.
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