São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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COMÉRCIO EXTERIOR

Estudo aponta vendas abaixo do potencial para britânicos

País exporta pouco para Reino Unido

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

Os mais de cem empresários brasileiros que acompanham o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita oficial que ele fará a Londres, de hoje a quinta-feira, estarão pisando num terreno riquíssimo, mas que poderia ser mais bem explorado. Um estudo feito pela Embaixada do Brasil na capital britânica mostra que as exportações brasileiras para o Reino Unido estão aquém do potencial oferecido pelo país.
É a primeira vez que a diplomacia brasileira em Londres faz o levantamento, baseado em experiências anteriores da embaixada do país em Washington e que visa identificar oportunidades para produtos nacionais.
Em verdade, as vendas do Brasil para o Reino Unido têm aumentado. A revelação do estudo é que a taxa média de crescimento anual dessas exportações na última década (7,8%) é inferior não apenas ao crescimento das exportações globais do Brasil no mesmo período (10,6%) como para outros países desenvolvidos.
O mesmo índice médio de crescimento de 1996 a 2005 é de 11,8% quando o parceiro são os Estados Unidos, de 11,9% no caso da França e de 10,3% no da Alemanha.
A situação torna-se ainda mais incômoda pelo fato, ressaltado no relatório, de que o Reino Unido é o terceiro maior mercado importador mundial.
"O desempenho favorável da economia britânica no mesmo período constitui indício de que o menor dinamismo relativo de nossos produtos naquele mercado não necessariamente reflete escassez de oportunidades. A hipótese alternativa -a de que haveria oportunidades em um mercado dinâmico e diversificado como o britânico, a serem exploradas de maneira mais sistemática pelos produtores brasileiros- é reforçada pela trajetória recente de estabilidade, crescimento e baixo desemprego do Reino Unido", conclui o relatório.
Involuntariamente, o estudo dá munição aos críticos da política de exportações do governo Lula, para quem a opção por abrir frentes de comércio em mercados emergentes ou subdesenvolvidos traz embutida desatenção com os países que realmente importam.
O Brasil apresenta superávit nas relações comerciais com o Reino Unido. Em 2005, exportou mercadorias no valor de US$ 2,6 bilhões (destaque para minério de ferro, motores, carnes e derivados, rações animais, madeira compensada e soja) e importou dos britânicos produtos que somaram US$ 1,4 bilhão.
O relatório revela os setores da pauta de importações britânicas de maior dinamismo e os cruza com o desempenho das exportações brasileiras para o país.
Descobre que há dezenas de produtos que, apesar de serem muito exportados pelo Brasil e igualmente importados pelo Reino Unido, aparecem relativamente pouco (às vezes nada) nas vendas brasileiras para o mercado britânico.
Na lacuna a ser explorada, incluem-se automóveis, derivados de aço e ferro, calçados, biocombustíveis, suco de laranja, veículos a diesel e móveis.


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