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COMÉRCIO EXTERIOR
Estudo aponta vendas abaixo do potencial para britânicos
País exporta pouco para Reino Unido
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Os mais de cem empresários
brasileiros que acompanham o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita oficial que ele fará a
Londres, de hoje a quinta-feira,
estarão pisando num terreno riquíssimo, mas que poderia ser
mais bem explorado. Um estudo
feito pela Embaixada do Brasil na
capital britânica mostra que as exportações brasileiras para o Reino
Unido estão aquém do potencial
oferecido pelo país.
É a primeira vez que a diplomacia brasileira em Londres faz o levantamento, baseado em experiências anteriores da embaixada
do país em Washington e que visa
identificar oportunidades para
produtos nacionais.
Em verdade, as vendas do Brasil
para o Reino Unido têm aumentado. A revelação do estudo é que
a taxa média de crescimento
anual dessas exportações na última década (7,8%) é inferior não
apenas ao crescimento das exportações globais do Brasil no mesmo período (10,6%) como para
outros países desenvolvidos.
O mesmo índice médio de crescimento de 1996 a 2005 é de 11,8%
quando o parceiro são os Estados
Unidos, de 11,9% no caso da França e de 10,3% no da Alemanha.
A situação torna-se ainda mais
incômoda pelo fato, ressaltado no
relatório, de que o Reino Unido é
o terceiro maior mercado importador mundial.
"O desempenho favorável da
economia britânica no mesmo
período constitui indício de que o
menor dinamismo relativo de
nossos produtos naquele mercado não necessariamente reflete
escassez de oportunidades. A hipótese alternativa -a de que haveria oportunidades em um mercado dinâmico e diversificado como o britânico, a serem exploradas de maneira mais sistemática
pelos produtores brasileiros- é
reforçada pela trajetória recente
de estabilidade, crescimento e
baixo desemprego do Reino Unido", conclui o relatório.
Involuntariamente, o estudo dá
munição aos críticos da política
de exportações do governo Lula,
para quem a opção por abrir frentes de comércio em mercados
emergentes ou subdesenvolvidos
traz embutida desatenção com os
países que realmente importam.
O Brasil apresenta superávit nas
relações comerciais com o Reino
Unido. Em 2005, exportou mercadorias no valor de US$ 2,6 bilhões (destaque para minério de
ferro, motores, carnes e derivados, rações animais, madeira
compensada e soja) e importou
dos britânicos produtos que somaram US$ 1,4 bilhão.
O relatório revela os setores da
pauta de importações britânicas
de maior dinamismo e os cruza
com o desempenho das exportações brasileiras para o país.
Descobre que há dezenas de
produtos que, apesar de serem
muito exportados pelo Brasil e
igualmente importados pelo Reino Unido, aparecem relativamente pouco (às vezes nada) nas vendas brasileiras para o mercado
britânico.
Na lacuna a ser explorada, incluem-se automóveis, derivados
de aço e ferro, calçados, biocombustíveis, suco de laranja, veículos
a diesel e móveis.
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