São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

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Mercado Aberto

Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

Analistas vêem exagero em nervosismo

O dia de ontem mostrou que o mercado financeiro ainda deve manter-se nervoso por mais um tempo, com muitas dúvidas a respeito das perspectivas das economias da China e dos Estados Unidos. Para a maioria dos analistas, tudo leva a crer que o Banco Central irá ser conservador na reunião do Copom desta semana e baixar o juro em apenas 0,25 ponto percentual.
De acordo com especialistas, a ansiedade do mercado se deve a dois fatores. Em primeiro lugar, à turbulência na Bolsa de Xangai, que ainda não conseguiu superar o abalo da semana passada.
Além disso, se deve aos sinais de crescimento da inadimplência no mercado de financiamento imobiliários nos Estados Unidos, principalmente nos empréstimos dirigidos à população de baixa renda. O temor é de que o problema reduza o crescimento econômico dos EUA neste ano.
A grande dúvida é até que ponto o Brasil será atingido por esse "terremoto". Ontem, a Bovespa chegou a cair quase 3%. O economista Sérgio Werlang, ex-BC e atualmente diretor do Itaú, usa como principal termômetro para avaliar o impacto da turbulência no Brasil o comportamento dos preços das commodities.
Em uma semana, as commodities caíram apenas 1%, o que é uma variação muito pequena para indicar sintoma de algum problema mais grave. Dessa forma, Werlang acha que, em princípio, a atual turbulência no mercado deve ter um impacto muito pequeno no Brasil.
O economista John Welch, estrategista da América Latina da Lehman Brothers, também não acha que o Brasil sofrerá um impacto muito grande com a turbulência no mercado. Ele também não crê em um crescimento mais baixo dos Estados Unidos ou da China. "Há um certo exagero nessa ansiedade do mercado", diz.
Apesar de achar que o terremoto será passageiro, Welch diz que a volatilidade nos mercados ainda deverá se manter por alguns meses. "Isso não desaparece de um dia para o outro", afirmou. Otimista, ele diz que o mercado imobiliário nos Estados Unidos já começa a mostrar sinais de recuperação, e a inadimplência deverá cair.
Sobre o Brasil, aposta no conservadorismo do BC e na queda de apenas 0,25 ponto percentual da Selic na reunião do Copom desta semana. Mesmo assim, ele acha que o país tem todas as condições de crescer 4% este ano. "O Brasil está crescendo em um ritmo forte."

análise

Atividade industrial abre ano em alta

A maioria dos indicadores da indústria sugere que a produção abriu o ano em expansão. Sete dos nove indicadores disponíveis apontam alta da atividade manufatureira de dezembro a janeiro, descontada a sazonalidade.
A observação é da LCA, que calcula que a produção industrial total tenha sido 6,2% superior à de janeiro de 2006.
O setor automobilístico segue aquecido. Segundo a Anfavea, foram produzidos em janeiro cerca de 203 mil veículos.
O comércio exterior também aponta alta na indústria. Segundo a Funcex, o quantum das exportações de bens manufaturados em janeiro foi 1,4% superior ao de dezembro, e o quantum das importações de matérias-primas (exclusive combustíveis) avançou 8,6%.
Os resultados oficiais serão divulgados hoje.

BOLSA DE MULHER
Em comemoração do Dia Internacional da Mulher, a Caixa expedirá a emissão de CPF gratuito para todas as mulheres durante esta semana. As interessadas devem procurar uma das agências da Caixa para solicitar o documento, emissão de segunda via ou a atualização cadastral. A emissão será isenta da cobrança de tarifa, que é de R$ 5,50. É o quarto ano em que o banco realiza a ação, que atendeu cerca de 936 mil mulheres.

ENERGÉTICO
O volume consumido no mercado livre de energia, em 2006, cresceu 30% ante 2005, atingindo 9.991,38 MW médios, equivalentes a 19% do consumo do país. Segundo a Comerc Energia, em 2006 os consumidores desse mercado economizaram cerca de R$ 3,9 bilhões, 25,81% de redução de custo se comparado às tarifas do mercado cativo. Em dezembro, o custo médio do mercado livre foi cerca de 25,49% menor.

REVIRAVOLTA
Em uma reviravolta inesperada, ontem, Domingo Alzugaray, dono da Editora Três, que publica a revista "IstoÉ", recuou da decisão de vender a empresa para Daniel Dantas e voltou a conversar com Nelson Tanure, dono do JB. Tanure fez oferta para comprar 49% da Três, mantendo 51% com Alzugaray, que continuaria no comando editorial. O martelo está praticamente batido com Tanure.

DO LESTE
Representantes da República de Kosovo visitarão, amanhã, unidades da Vale do Rio Doce em Minas Gerais para conhecer processos e tecnologias de operações de mineração de ferro da empresa. Segundo representantes da comitiva, o país é o mais rico do leste europeu em minério de ferro, mas não tem tecnologia para produzi-lo e transformá-lo em riqueza econômica.

NO COPO
A Coca-Cola Brasil anuncia hoje a campanha Cada Gota Vale a Pena. A companhia e seus 17 fabricantes no país destinarão parcela das vendas a projetos sociais.

EXPANSÃO PRÓPRIA
Em 2007, a Damyller, marca de jeans catarinense, prevê abertura de pelo menos seis novas lojas, a maioria delas em regiões onde ainda não possuía unidades. Na contramão das marcas que estruturam expansões, todos os novos espaços da Damyller serão lojas próprias, e não franquias. "Dessa maneira, conseguimos manter um controle total, desde a produção das peças até a venda. Acompanhamos todos os processos", diz Damylla Damiani, executiva responsável por novos produtos da marca e filha de um dos quatro sócios. Fundada há 27 anos, a Damyller tem hoje 54 lojas próprias, em 21 Estados, além da loja em Saugus, nos EUA, e de um corner na Galeria Lafayette, em Paris. A empresa produz 140 mil peças por mês.


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