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Estados lucram R$ 41,7 bi com renegociação
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reunião dos governadores hoje com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva terá
uma pauta carregada de reivindicações por mais ajuda
financeira aos Estados. Mas,
desde que renegociaram
suas dívidas com o governo
federal, em 1998, já receberam um subsídio de R$ 41,7
bilhões do Tesouro Nacional.
Os maiores ganhadores nesse processo foram os governadores que encerraram
seus mandatos em 2006.
Um estudo feito pelo economista Guilherme Loureiro, da Tendências Consultoria, mostra que, se a dívida
dos Estados tivesse sido corrigida pela taxa Selic (a mesma paga pelo Tesouro Nacional ao mercado financeiro),
teria chegado a R$ 466,4 bilhões no fim de janeiro.
Como é corrigida pelo
IGP-DI e juros de 6% ao ano,
uma taxa em geral mais baixa
que os juros do governo, o estoque projetado totaliza R$
424,7 bilhões. Essa diferença
nos juros é exatamente o
subsídio que o governo federal já deu aos Estados.
Em troca do subsídio que o
governo federal deu nas taxas de juros, os governadores
concordaram em economizar parte de suas receitas para quitar a dívida. O contrato
de refinanciamento estabelece que os Estados têm que
destinar 13% de sua receita
para a União e, caso não paguem, o Tesouro Nacional
tem autorização para reduzir
os repasses aos Estados.
"Hoje, os governadores
que renegociaram suas dívidas estão se beneficiando,
mas por alguns períodos isso
não foi verdade", diz Loureiro. "Daqui em diante a tendência é que o subsídio seja
mantido, mas diminua."
Entre os que se deram
"mal" com a renegociação,
estão os governadores que
estavam no cargo entre dezembro de 1998 e dezembro
de 2002. Durante esse período, a variação da Selic foi ligeiramente inferior aos juros
que o Tesouro cobrou nos
contratos com a União.
Isso quer dizer que, se tivessem continuado a se financiar no mercado financeiro, os Estados teriam, em
tese, economizado R$ 28,2
bilhões naquele período.
IPCA elevaria subsídio
A desvalorização do real
em relação ao dólar teve seu
pico em outubro de 2002,
quando a taxa chegou a R$
3,81. Uma defasagem entre a
mudança no câmbio e o repasse aos preços explica por
que apenas em 2003 é que os
governadores começaram a
sentir o peso de seu endividamento, com uma elevação
no estoque da dívida.
Entre janeiro e dezembro
de 2003, a correção da dívida
estadual pela Selic teria sido
R$ 10,6 bilhões inferior ao
que ocorreu com o IGP-DI e
juros anuais de 6%.
O pico do "prejuízo" dos
governadores foi em março
de 2003. De acordo com as
projeções do economista, o
estoque da dívida estadual
seria R$ 32,9 bilhões menor
se tivesse sido corrigido pela
Selic desde 1998.
Com a valorização do real
diante do dólar, que se acelerou a partir de junho de
2004, os governadores viram
o peso de suas dívidas se reduzir a partir de 2005. Em
agosto daquele ano, o subsídio aos Estados voltou a ser
positivo.
O estudo feito por Loureiro considera também como
teria sido o comportamento
da dívida estadual se o indexador fosse o IPCA, mesmo
índice da meta de inflação
adotada pelo governo.
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel
(PT), chegou a propor a mudança do indexador. Nesse
caso, o subsídio até agora
chegaria a R$ 140 bilhões.
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