|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC mantém taxa de juros em 11,25%
Decisão do Copom já era esperada pelo mercado e foi tomada pela diretoria do Banco Central de forma unânime
Manutenção da taxa Selic ocorre apesar de novas quedas no dólar e redução da pressão inflacionária vista no final de 2007
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem surpresas, o Banco Central resolveu não mexer nos juros básicos da economia, que
permanecerão em 11,25% ao
ano pelas próximas seis semanas. A decisão foi tomada ontem na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
Como de costume, não foram
informadas as razões que levaram os diretores do BC a manterem a taxa. Segundo nota distribuída após o encontro, a decisão foi tomada depois de avaliada "a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a
inflação".
Assim como na reunião anterior, o texto dizia também que
"o Comitê [de Política Monetária] irá monitorar atentamente
a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para então definir os próximos passos na sua estratégia
de política monetária".
O Copom volta a se reunir
nos dias 15 e 16 de abril.
A Selic está no nível atual
desde setembro do ano passado. De lá para cá, o BC tem considerado a possibilidade de um
aumento nos juros para combater os riscos de uma alta mais
forte da inflação neste ano.
A meta do governo para 2008
é manter a alta do IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,5%, com uma margem de tolerância de até dois
pontos percentuais para cima
ou para baixo.
No final de 2007, reajustes
mais fortes dos alimentos fizeram a inflação ficar acima do
projetado tanto pelo BC quanto
por analistas do setor privado.
O receio era que esses aumentos pudessem ser repassados para outros preços, preocupação que ganhava força devido
ao aquecimento da economia.
Mas a alta dos alimentos já
arrefeceu, como vêm mostrando os índices mais recentes de
inflação (leia texto ao lado).
Em tese, um ambiente de
crescimento econômico é mais
propício a aumentos de preços,
já que, com o aumento no nível
de emprego e de renda, a população costuma ficar mais disposta a pagar caro pelos produtos que consome.
Atenção
Segundo o BC, num cenário
como o atual é recomendável
uma maior atenção com o comportamento da inflação, principalmente porque o país ainda
estaria vivendo os efeitos dos
cortes dos juros efetuados entre setembro de 2005 e setembro passado, período em que a
taxa Selic foi reduzida em 8,5
pontos percentuais.
Nas últimas semanas, porém,
ganharam força argumentos
que poderiam abrir espaço para
novas reduções de juros no curto prazo. Por um lado, os índices de inflação de janeiro mostraram desaceleração ante o
fim de 2007, indicando que as
pressões sobre os preços podem ter sido temporárias.
Além disso, outro item que
poderia justificar uma redução
dos juros é a taxa de câmbio. O
dólar, que nos dias que antecederam a reunião do Copom de
janeiro era negociado perto de
R$ 1,80, já está hoje abaixo de
R$ 1,70, no menor nível em
quase nove anos.
A valorização do real barateia
os importados, e a concorrência que essas mercadorias impõem em alguns setores ajuda a
controlar a inflação.
Os juros altos tendem a intensificar a tendência de queda
da moeda americana, pois ajudam a atrair investimentos estrangeiros ao mercado financeiro nacional em busca de
maior remuneração proporcionada pelas taxas brasileiras.
Do lado do BC, o argumento é
que o efeito do câmbio valorizado sobre a inflação é limitado,
pois não é suficiente para afetar
os preços de setores como o de
serviços. Além disso, existe
também entre os diretores da
instituição um consenso de que
a economia já está crescendo
num ritmo bastante satisfatório, não sendo necessário, portanto, um impulso adicional
que poderia ser dado por um
corte nos juros.
Texto Anterior: Boris Tabacof: Proteção e distração Próximo Texto: Repercussão: Indústria e centrais criticam decisão do Copom Índice
|