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VINICIUS TORRES FREIRE
Notícias aleatórias da crise
Juro interbancário volta ao nível de dias de pânico, bancos perderão mais dinheiro e EUA, aos poucos, param de gastar
A BOLSA americana foi um dos
piores negócios do mundo em
fevereiro (entenda-se, entre
os negócios "globais"). Ficaram
atrás de Bolsas emergentes, títulos
da dívida pública e privada emergente (na "média") e até de papéis ligeiramente podres de empresas.
Especular com "commodities" foi o
negócio campeão. "Commodities"
como o cobre ficaram tão caras que
estimulam o crime na Austrália. Segundo autoridades do país, roubar
materiais de cobre e vendê-los para
a reciclagem tornou-se bom negócio. Estão roubando quilômetros da
fiação das linhas de trem. Como deve andar o índice de roubo de tampas de bueiros e de fios no Brasil?
Saudades de 2007
No primeiro bimestre do ano, a
venda de carros ("veículos leves")
nos EUA caiu 5,6% em relação ao
começo de 2007. O gasto total em
consumo se estagnou em três dos
últimos quatro meses, descontada
a inflação. Em janeiro, as encomendas de bens de capital (máquinas
etc.) caíram 1,5% em janeiro; as de
bens duráveis (como TVs) despencaram 5%. Em fevereiro, o ISM, índice que computa a avaliação dos
gerentes de compras sobre encomendas, produto, emprego, estoques etc., baixou a um nível que indica contração da atividade fabril.
O ISM do setor de serviços que saiu
ontem foi festejado, pois a contração do mês foi menor. Descontada
a contribuição da balança comercial, o PIB dos EUA no último trimestre de 2007 teria sido zero.
Só de graça, ou nem isso
As taxas de juros interbancários
voltaram a subir na Europa (em euros e libras) para níveis semelhantes aos dias de pânico de janeiro. Isto é, os bancos estão se olhando
torto outra vez. Enquanto isso, o
Fed, o BC americano, continua a
emprestar dinheiro abaixo da taxa
de redesconto por meio de sua linha "disfarçada" de redesconto,
criada no final de 2007, de resto
aceitando até pão dormido, casco
de cerveja, derivativos imobiliários
e ações de bancos americanos como garantia. Na prática, o Fed está
dando dinheiro aos bancos.
Boatos inseguros
"Seguro" de crédito financeiro é
um assunto vastamente chato. Mas
foi o risco de que essas seguradoras
perdessem sua nota de crédito que
motivou e/ou justificou carnificinas nos mercados em janeiro. Se as
seguradoras perdem crédito, também são desvalorizados os papéis
que "asseguram", o que pode arrebentar ainda mais balanços de bancos. Desde janeiro, boatos otimistas ou plantados davam conta de
que essas seguradoras arrumariam
sócios que lhes trariam capital novo etc. Era cascata. Uma das grandes desse negócio anunciou que
pretende vender ações a fim de aumentar seu capital reduzido pelos
calotes imobiliários. As Bolsas dos
EUA continuam a tropeçar nas seguradoras. E nos primeiros sinais
de que o prejuízo dos bancos será
ainda feio neste trimestre.
Citi no tapetão voador
O gerente do fundo do xeque de
Dubai disse na terça que os árabes
vão ter de colocar mais dinheiro no
Citi para "resgatar" ou "SALVAR" o
banco dos prejuízos por vir.
vinit@uol.com.br
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