São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Veículos puxam alta da indústria

Em relação a janeiro do ano passado, setor teve expansão de 8,5%, a maior alta do mês desde 2001

Estoques são repostos; Ipea diz que fatores positivos de 2007 seguem em 2008, como expansão do crédito e do rendimento

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionada pelo crescimento da produção de veículos e pelo mercado interno, a indústria iniciou o ano com alta de 1,8% em janeiro na comparação com dezembro. O resultado representa uma recuperação após dois meses seguidos de queda na produção, com perdas acumuladas de 2,8%.
Segundo Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os resultados indicam que a indústria está aquecida neste início de ano, com expansão em 19 dos 27 ramos pesquisados na comparação com dezembro.
Sales avalia que a expansão pode estar relacionada à reposição de estoques.
A produção de veículos representou o principal impacto positivo no crescimento de janeiro, com alta de 9%, puxado sobretudo pelo mercado interno. O IBGE destaca que houve aumento de 39,1% no licenciamento de veículos no país. As exportações subiram 7,7%.
Em relação a janeiro de 2007, a produção de veículos teve alta de 23,8%, com aumento de 88% dos produtos pesquisados.
Os fatores para o crescimento significativo em 2007 continuam presentes, "como a expansão do crédito, o crescimento da demanda com base no aumento do emprego formal e do rendimento", diz Leonardo Mello de Carvalho, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Na comparação com janeiro de 2007, a expansão da indústria foi de 8,5%. Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), trata-se da maior alta em um início de ano desde 2001.
Para Carvalho, a indústria deve crescer um pouco menos do que em 2007, quando teve alta de 6%, mas deve ter um primeiro trimestre forte. Segundo ele, um dos fatores que podem afetar o comportamento do setor é um eventual excesso de demanda. O economista estima que será possível equilibrar os indicadores de uso da capacidade instalada elevada com a maturação de investimentos.
De acordo com o IBGE, a categoria de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos) e a de bens intermediários (insumos industriais) estão operando em níveis máximos de produção. Em janeiro, os bens de consumo duráveis tiveram alta de 5,4% em relação a dezembro, e os intermediários, de 1,3%.
Para Sales, os dados de janeiro indicam que o perfil de crescimento da indústria pode passar a incluir uma dinâmica maior dos bens intermediários, categoria de maior peso, o que poderia indicar uma antecipação da produção de bens finais nos próximos meses. A expansão da indústria tem sido puxada por máquinas e equipamentos e bens duráveis.
A categoria de bens de capital ficou estável em janeiro, após uma queda de 0,2% em dezembro. Segundo o IBGE, o resultado representa uma acomodação. Em relação a janeiro do ano passado, a produção de bens de capital cresceu 14,7%, mas nessa base de comparação havia apresentado taxa de 19,9% no mês anterior.
O Iedi ressalta que as importações de máquinas e equipamentos cresceram 56,9% em janeiro. Uma sugestão preliminar "é que pode estar ocorrendo uma mais veloz substituição de produção interna por importações no caso desse setor", informou em nota.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Notícias aleatórias da crise
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.