São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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Meirelles reage a pressão de empresários por corte de juro

Cobrado em reunião do Grupo de Acompanhamento da Crise, presidente do BC se irrita

Em resposta a dirigente do setor de equipamentos e máquinas, Meirelles diz que o "BC não precisa ser lembrado dos juros o tempo todo"

Sérgio Lima/Folha Imagem
Henrique Meirelles, do BC, durante reunião em Brasília

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi duramente cobrado por empresários para que a instituição reduza mais rapidamente os juros do país. A cobrança foi feita na reunião do GAC (Grupo de Acompanhamento da Crise), no Ministério da Fazenda. Segundo relatos obtidos pela Folha, Meirelles respondeu rispidamente aos empresários.
"O BC não precisa ser lembrado dos juros o tempo todo. Levamos nossa responsabilidade muito a sério", afirmou. O presidente do BC disse ainda que fica intrigado porque, após passar três horas discutindo temas "intensos e importantes", o que sai nos jornais é que o tema da reunião foi a taxa Selic. Em seguida, emendou irritado: "O BC foi fator importante na construção da estabilidade e hoje é respeitado no mundo inteiro. Continuaremos levando nosso trabalho a sério".
A resposta foi direcionada ao presidente da Abimaq (associação dos fabricantes de máquinas), Luis Aubert Neto, que reclamou dos efeitos danosos dos juros altos sobre os investimentos e, consequentemente, sobre o desempenho do setor. Não é a primeira vez que Meirelles é constrangido na reunião do GAC por causa dos juros altos. No primeiro encontro do grupo, em janeiro, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, pediu que fosse convocada uma reunião extraordinária do Copom (Comitê de Política Monetária, formado pelos diretores do BC) para cortar o juro em 0,5 ponto percentual. A próxima reunião do Copom é na semana que vem.
Os empresários questionaram também os elevados "spreads" bancários (a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados dos clientes). Eles pediram ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que crie uma agenda para discutir o custo do empréstimo.
Diante das reclamações dos empresários, o presidente da Febraban, Fábio Barbosa, também se viu obrigado a responder. A Folha apurou que ele afirmou aos empresários que o crédito está voltando a se normalizar, mas a tendência daqui para a frente é que fique mais seletivo. Outra tendência é que os bancos renegociem o prazo dos empréstimos para que fiquem mais longos.

Colaborou SHEILA D'AMORIM, da Sucursal de Brasília


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