São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Brasil vai criar seu próprio Eximbank

Banco será a grande novidade do pacote pró-exportador, segundo o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge

Para o ministro, pacote poderá ajudar o Brasil a, pelo menos, repetir os US$ 180 bi obtidos com as exportações no ano passado

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, confirmou ontem, em São Paulo, que a principal medida do novo pacote de apoio aos exportadores será a criação da versão nacional do Eximbank, sigla em inglês para Export-Import Bank -cuja finalidade é financiar o comércio exterior do país.
"Há um Eximbank nas medidas [do pacote de incentivo às exportações]. Vai ser contemplado, vai sair. Até porque esse é um pedido do próprio presidente Lula", disse o ministro, em coletiva de imprensa após a assinatura de um contrato de financiamento no valor de R$ 1,2 bilhão entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Mercedes-Benz do Brasil.
Os Eximbanks existentes hoje em vários países, como Estados Unidos e Japão, são instituições oficiais dos governos orientadas ao apoio de exportadores locais nas transações com importadores. O banco, além de viabilizar operações estruturadas de financiamento de exportações, assume como instituição financeira o risco do país importador.
O mecanismo é muito útil em momentos de restrição de crédito, como o enfrentado pelo mundo entre o fim de 2008 e todo o ano passado. Essa tarefa de fomentar as exportações, como uma instituição oficial, tende a reduzir a dependência das empresas exportadoras às oscilações de humor do mercado (bancos privados) de crédito para exportação. O Brasil enfrentou esse problema na crise financeira de 2008/9.
O ministro não informou quem irá administrar o banco de fomento ao exportador -se o próprio BNDES ou o Banco do Brasil, hoje o grande financiador das exportações.
Sobre o conjunto de medidas aos exportadores, Jorge explicou que elas poderão ser anunciadas até o fim deste mês. Antes, a lista de medidas será apresentada ao presidente Lula. Segundo ele, o pacote poderá ajudar o Brasil a, pelo menos, repetir o resultado das exportações de US$ 180 bilhões alcançado em 2009.
"Caso não tenhamos as medidas de apoio às exportações, as metas serão menores. Mas, com apoio, acredito que as metas serão melhores. Gostaríamos, apesar de todas as dificuldades do comércio internacional, de, no mínimo, repetir os US$ 180 bilhões de exportações de 2009", afirma. A meta mais ousada, mas que vai depender da reação da economia mundial, é recuperar o nível de 2008, quando o país exportou o equivalente a US$ 200 bilhões.

Congresso descartado
Para fugir da trava legislativa, os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda vão evitar qualquer medida no pacote de apoio aos exportadores que dependa do Congresso.
O descarte do Congresso não tem motivações apenas eleitorais. O governo quer evitar a paralisia do Legislativo brasileiro. "[O pacote] não depende [do Congresso], exatamente pelas dificuldades. Independentemente de ser período eleitoral ou não, há dificuldade. Nós procuramos fazer tudo na área infralegal", disse Jorge.


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