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CRISE NO AR
Presidente da empresa admite que caixa está "bastante limitado'; credores apertam aérea, que busca apoio do governo
Varig diz que não pára de voar nesta semana
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Varig, Marcelo
Bottini, descartou ontem a hipótese de a companhia paralisar
suas atividades nesta semana,
mas reconheceu que o caixa da
empresa "está bastante limitado".
Ele destacou também que a companhia precisa de um aporte de
capital o mais rápido possível.
Bottini minimizou o risco de a
empresa parar, ao afirmar que "já
se fala disso há dez anos". O clima
entre os credores, no entanto, é de
tensão, e a expectativa é que a ajuda surja do governo.
Até ontem, a Infraero não havia
voltado atrás em sua ameaça de
passar a cobrar da companhia aérea as tarifas aeroportuárias antes
do início de cada vôo, sob pena de
seus passageiros não embarcarem. O prazo final dado pela estatal é amanhã.
Empresas de leasing e representantes envolvidos no processo de
recuperação da Varig afirmam
que a companhia pode não passar
desta semana porque não tem
mais caixa suficiente para pagar
despesas do dia-a-dia. O clima entre os arrendadores de aeronaves
é ruim, e eles avaliam se pedirão
ou não suas aeronaves de volta.
"O caixa da Varig chegou ao seu
limite, ou é feito alguma coisa já
ou a Varig paralisa as suas operações. A informação que tenho é
que a possibilidade de paralisação
da empresa é uma realidade",
afirmou Márcio Marsillac, coordenador do TGV (Trabalhadores
do Grupo Varig).
A juíza da 2ª Vara Empresarial
do Rio Márcia Cunha, que cuida
do processo de recuperação da
Varig, confirma que a situação de
caixa da aérea se agravou nos últimos meses. Para ela, a Varig só se
recupera se houver aporte de capital, que poderia vir do governo,
dos credores ou de terceiros interessados na empresa. "O processo
está em curso na Justiça há mais
de dez meses, estamos chegando a
um ponto em que a capacidade
dos credores de aguardar o recebimento dos créditos está no limite", disse ela.
Demissões
A consultoria americana Alvarez & Marsal, contratada para
atuar como reestruturadora, propôs aos principais fornecedores
da Varig um prazo de carência de
90 dias, sugeriu o corte de 2.900
funcionários e a redução de salários em 30%. De acordo com Bottini, nenhum dos credores se dispôs a oferecer o prazo de carência.
Sobre a oferta de compra apresentada pela Varig Log de US$
350 milhões, duramente criticada
pelos credores, Bottini disse que
aprova qualquer proposta que
possa dar "uma solução de continuidade" à companhia. Ele destacou, no entanto, que a aprovação
cabe aos credores, que responderão nesta semana. A proposta da
Varig Log é priorizar os vôos internacionais da aérea.
Depois das críticas, a Varig informou que a Varig Log faria uma
nova apresentação da proposta ao
fundo de pensão Aerus, um dos
mais críticos à proposta e principal credor, na noite de ontem.
Casa Civil
A expectativa entre trabalhadores e agentes envolvidos é que o
governo tome providências. De
acordo com pessoas ligadas ao setor, existe uma reunião marcada
para hoje com a ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff, que já
solicitou informações sobre a
companhia aérea ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Bottini negou ter ouvido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a
"Varig não pode parar".
Ele disse que entrou em contato
com o governo para se apresentar
como presidente da aérea, entregar o plano de recuperação e discutir a situação da empresa após a
aprovação do plano.
"Já temos tratado com o governo há algum tempo sobre o plano
de recuperação, tenho feito contato com a ministra Dilma", afirmou o presidente da empresa.
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