São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PREÇOS

Da taxa de 0,14% registrada no mês passado, somente gasolina e álcool contribuíram com 0,17 ponto, segundo a Fipe

Combustíveis caros impedem deflação em SP

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

O avanço dos preços dos combustíveis impediu que a cidade de São Paulo encerrasse março com deflação. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) apresentou inflação de 0,14% no mês passado.
Da taxa registrada em março, gasolina e álcool contribuíram com 0,17 ponto percentual. Ou seja, se não fossem as pressões desses dois itens, o IPC da Fipe teria fechado o mês com deflação de 0,03%, a mesma de fevereiro.
"Os combustíveis estão pressionando a inflação desde o final do ano passado. Primeiro, por conta do reajuste da gasolina, depois, devido à alta do preço do álcool", afirmou Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa de preços da Fipe.
Em março, a gasolina ficou, em média, 3,75% mais cara em São Paulo; o álcool subiu 13,61%.
Apesar desde comportamento nos preços dos combustíveis, o economista avalia que o primeiro trimestre deste ano "foi excepcionalmente melhor do que o mesmo período do ano passado".
O IPC de janeiro a março deste ano ficou em 0,62%, contra 1,72% em igual período de 2005. Vale destacar que no ano passado a inflação em São Paulo foi impulsionada pelo reajuste da tarifa de ônibus municipal.
Em 12 meses, até março último, o índice acumula alta de 3,40%, menor taxa nesse tipo de comparação desde agosto de 1999 -ano da mudança cambial e da implantação das metas de inflação-, quando registrou alta de 3,15%.

Segundo semestre pior
As perspectivas para o segundo semestre, entretanto, não são muito animadoras. Na previsão de Picchetti, haverá uma piora em relação a igual período do ano passado devido aos reajustes dos preços administrados, principalmente telefonia e energia elétrica, que agora terão como indexador o IST (Índice de Serviços de Telecomunicações).
"É um índice cujo comportamento a gente ainda não conhece", disse Picchetti. Além disso, o economista ressalta que as variações do IST estão superando o IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna), da Fundação Getulio Vargas, que era utilizado para o cálculo do reajuste das telecomunicações até dezembro do ano passado.
O IST é calculado com base em uma cesta de componentes das despesas das operadoras de telefonia pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Abril
Algumas incógnitas dificultam a previsão de inflação para este mês. Uma delas é o movimento dos preços dos alimentos, que são bastante voláteis, mas no mês passado limitaram o avanço da inflação ao apontarem queda média de 0,46%.
Outra é o comportamento do álcool. "Todo o movimento recente é por conta da alta do álcool, que pode ser resolvida com a antecipação da moagem da safra de cana-de-açúcar. Se a safra for forte e os preços caírem, pode haver deflação neste mês. Mas tudo vai depender também do comportamento dos alimentos."
O economista da Fipe projeta inicialmente aumento de 0,10% para este mês. Nessa estimativa, ele leva em conta basicamente a possibilidade do reajuste dos remédios, autorizado no final de março pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).


Texto Anterior: Economia está forte, diz FMI
Próximo Texto: Jovens gastam mais com ônibus e diversão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.