São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Bancos enfrentam a pior crise em 30 anos, diz relatório

De acordo com a análise do Morgan Stanley, mercados passam por "uma profunda mudança cíclica e estrutural"

Receita das áreas de crédito das instituições financeiras pode recuar por volta de 60%, aponta equipe de especialistas econômicos

DA BLOOMBERG

A crise nos mercados de crédito é o risco mais sério para os bancos de investimento nos últimos 30 anos, superando a Segunda-Feira Negra de 1987, a crise das moedas asiáticas e o estouro da bolha das empresas de tecnologia, disseram o Morgan Stanley e a Oliver Wyman em relatório conjunto.
A receita da divisão de banco de investimento poderá diminuir 20% em 2008 antes do registro de US$ 75 bilhões em baixas contábeis adicionais, disseram em nota enviada aos clientes pelos analistas coordenados por Huw van Steenis.
Seis trimestres de lucros terão sido eliminados por baixas contábeis e pela queda da receita até o final deste mês.
Segundo o relatório, a crise rivaliza com o colapso do mercado de bônus de alto risco -"junk"-, do fim da década de 1980, que fechou a Drexel Burnham Lambert.
"Os mercados mundiais de valores mobiliários estão no meio de uma profunda mudança cíclica e estrutural."
A receita dos bancos proveniente de suas divisões de crédito poderá recuar cerca de 60%, disseram os analistas. As instituições terão de proporcionar mais transparência aos investidores que adquirirem seus empréstimos. Ao mesmo tempo, as autoridades reguladoras farão pressão para que o setor mantenha um volume maior de capital em seus cofres como forma de proteção, o que prejudicará o retorno sobre o patrimônio no longo prazo, acrescentou o grupo.

Duração da crise
No total, a crise poderá durar de oito a dez trimestres, ultrapassando o período de seis trimestres da crise da Ásia e o socorro financeiro à LTCM, em 1997/98, e os efeitos, sentidos durante sete trimestres, do estouro da bolha das empresas ponto-com, informou o relatório.
A receita do setor de bancos de investimento também se estagnou após o ritmo de IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) ter recuado no primeiro trimestre de 2008.
As baixas contábeis e os prejuízos relativos aos ativos contaminados pelos empréstimos imobiliários de alto risco ("subprime") já custaram às maiores instituições financeiras mundiais cerca de US$ 230 bilhões desde o início de 2007.
Os bancos também consideram que seu custo de capital está aumentando em relação a outras empresas com classificação de crédito recomendável para investimento, num momento em que as fontes tradicionais de recursos, como os SIVs (veículos de investimento estruturado), retiram-se do mercado, segundo o relatório. Os bancos também estão tendo dificuldades para se livrar de empréstimos, o que torna suas taxas de alavancagem altas.
"As empresas com fontes variadas de financiamento -com os depósitos no varejo e no atacado ajudando claramente- e um campo de atuação diversificado terão vantagem para obter recursos nos próximos anos", escreveram os analistas. "Isso pode gerar uma reavaliação substancial nos modelos de negócios com o passar do tempo."


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