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Cai volume de financiamento à exportação
Fluxo médio diário de contratos de ACC, pelos quais o exportador recebe adiantado pelo embarque, recua para US$ 137 mi em março
Exportador tem embarcado
um volume de mercadorias
superior a dinheiro que
recebe, pois, antes da crise, receitas foram antecipadas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Exportadores estão embarcando um volume de mercadorias superior às receitas que recebem.
O fluxo médio de contratos
de ACC (Adiantamentos sobre
Contratos de Câmbio) caiu no
mês passado ante fevereiro, segundo relatório que o Banco
Central divulgou na semana
passada sobre o fluxo cambial,
que continua negativo.
Os Adiantamentos sobre
Contratos de Câmbio são linhas de financiamento comercial. Por meio dos ACCs, exportadores recebem antecipadamente pelo embarque da mercadoria, normalmente até 180
dias, a conversão das divisas,
em reais, que serão obtidas por
exportações futuras.
O fluxo médio de ACCs por
dia trabalhado caiu de US$ 146
milhões em fevereiro para US$
137 milhões em março.
A recuperação no financiamento do comércio exterior do
tombo registrado em dezembro tem sido lenta.
A média de ACCs foi a US$
130 milhões entre outubro e
março. Nos quatro meses anteriores, a média por dia trabalhado fora de US$ 196 milhões.
"O que ocorre hoje é o reverso da moeda [em comparação
ao que acontecia antes da crise]", diz Darwin Dib, economista do Itaú Unibanco.
As linhas de financiamento
estão mais caras e escassas, o
horizonte é cada vez mais curto
e, acima de tudo, há o recuo da
demanda global por exportações de produtos brasileiros.
O exportador embarca mais
do que recebe porque lá atrás,
nos tempos de bonança, as receitas foram antecipadas, segundo o economista. "Antes da
crise, o cliente entregava a receita de exportação num horizonte longo, não só contrato de
ACC, que é mais curto."
O fluxo cambial negativo tende a se manter, segundo Dib, a
menos que o financiamento externo melhore.
"A tendência deve permanecer até que se compense o volume de receitas que exportadores anteciparam nos bons tempos. Isso pode durar ao menos
cinco meses. Até lá, esse processo continuará a drenar liquidez do mercado de câmbio."
A saída de dólares em março
continuou superior à entrada
da moeda norte-americana no
país. O saldo foi negativo em
US$ 1,9 bilhão, até o dia 25.
Houve um pequeno ajuste
em meados do mês passado: até
o dia 3, o saldo do fluxo cambial
estava negativo em mais de
US$ 2 bilhões.
Em 2008, no mesmo período
(15 dias úteis em março), o fluxo estava positivo em US$ 7,71
bilhões.
"O ajuste da conta corrente
dos Estados Unidos está drenando dólares dos emergentes
que estão sendo repatriados
para os títulos do Tesouro americano", diz Marcelo Ribeiro, da
Pentágono Asset Management.
A queda nos preços das commodities beneficia as contas
externas norte-americanas e
piora as dos países exportadores, que se aproveitaram quando a demanda dos Estados Unidos estava alta, lembra Ribeiro.
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