São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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Cai volume de financiamento à exportação

Fluxo médio diário de contratos de ACC, pelos quais o exportador recebe adiantado pelo embarque, recua para US$ 137 mi em março

Exportador tem embarcado um volume de mercadorias superior a dinheiro que recebe, pois, antes da crise, receitas foram antecipadas

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Exportadores estão embarcando um volume de mercadorias superior às receitas que recebem.
O fluxo médio de contratos de ACC (Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio) caiu no mês passado ante fevereiro, segundo relatório que o Banco Central divulgou na semana passada sobre o fluxo cambial, que continua negativo.
Os Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio são linhas de financiamento comercial. Por meio dos ACCs, exportadores recebem antecipadamente pelo embarque da mercadoria, normalmente até 180 dias, a conversão das divisas, em reais, que serão obtidas por exportações futuras.
O fluxo médio de ACCs por dia trabalhado caiu de US$ 146 milhões em fevereiro para US$ 137 milhões em março.
A recuperação no financiamento do comércio exterior do tombo registrado em dezembro tem sido lenta.
A média de ACCs foi a US$ 130 milhões entre outubro e março. Nos quatro meses anteriores, a média por dia trabalhado fora de US$ 196 milhões.
"O que ocorre hoje é o reverso da moeda [em comparação ao que acontecia antes da crise]", diz Darwin Dib, economista do Itaú Unibanco.
As linhas de financiamento estão mais caras e escassas, o horizonte é cada vez mais curto e, acima de tudo, há o recuo da demanda global por exportações de produtos brasileiros.
O exportador embarca mais do que recebe porque lá atrás, nos tempos de bonança, as receitas foram antecipadas, segundo o economista. "Antes da crise, o cliente entregava a receita de exportação num horizonte longo, não só contrato de ACC, que é mais curto."
O fluxo cambial negativo tende a se manter, segundo Dib, a menos que o financiamento externo melhore.
"A tendência deve permanecer até que se compense o volume de receitas que exportadores anteciparam nos bons tempos. Isso pode durar ao menos cinco meses. Até lá, esse processo continuará a drenar liquidez do mercado de câmbio."
A saída de dólares em março continuou superior à entrada da moeda norte-americana no país. O saldo foi negativo em US$ 1,9 bilhão, até o dia 25.
Houve um pequeno ajuste em meados do mês passado: até o dia 3, o saldo do fluxo cambial estava negativo em mais de US$ 2 bilhões.
Em 2008, no mesmo período (15 dias úteis em março), o fluxo estava positivo em US$ 7,71 bilhões.
"O ajuste da conta corrente dos Estados Unidos está drenando dólares dos emergentes que estão sendo repatriados para os títulos do Tesouro americano", diz Marcelo Ribeiro, da Pentágono Asset Management.
A queda nos preços das commodities beneficia as contas externas norte-americanas e piora as dos países exportadores, que se aproveitaram quando a demanda dos Estados Unidos estava alta, lembra Ribeiro.


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