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Empresas pagam R$ 1,2 bi a executivos
Entre as dez companhias mais negociadas na Bolsa, apenas o Banco do Brasil divulga os rendimentos de seu presidente
Lei exige que seja informado o
total gasto para remunerar
dirigentes e conselheiros;
CVM estuda exigir divulgação
individualizada dos salários
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As dez empresas mais negociadas na Bolsa brasileira gastaram no ano passado R$ 1,2 bilhão para pagar seus mais altos
executivos e conselheiros. Levantamento feito pela Folha
nos balanços divulgados pelas
companhias mostra que em
apenas um caso -o Banco do
Brasil- é possível saber quanto
ganha o principal executivo.
A remuneração dos principais executivos voltou a causar
polêmica após a AIG -seguradora que só sobreviveu à crise
graças à injeção de US$ 173 bilhões do Tesouro americano-
distribuir bônus de US$ 165
milhões a seus dirigentes.
No Brasil, o presidente do
BB, Antônio Francisco de Lima
Neto, recebe R$ 37.469,40 por
mês, sem bônus ou ações. Se
for demitido, não terá nenhum
benefício além dos pagos a funcionários de carreira do banco.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado de ações, quer mudar a
prática das empresas no país.
"Ainda que a CVM perceba
que a divulgação individual dos
pagamentos aos principais executivos não é o ideal para o momento, deixar como está não é
uma opção", diz a superintendente de Desenvolvimento de
Mercado, Luciana Dias.
No Brasil, a lei obriga apenas
que a empresa informe o total
gasto para remunerar dirigentes e conselheiros. É o que fazem Petrobras e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
Na estatal, foram gastos R$
6,8 milhões no ano passado para pagar sete diretores e oito
conselheiros. O maior salário
de dirigente da Petrobras foi de
R$ 59,4 mil, em dezembro.
"Esse número não serve para
nada. Não sabemos qual a política, quais os benefícios. A remuneração é um instrumento
que serve para alinhar o interesse dos dirigentes, que cuidam do dia a dia, e dos acionistas, que colocam o capital", diz
Heloísa Bedicks, diretora do
IBGC (Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa).
O Banco Itaú Unibanco não
diz quanto ganha Roberto Setubal, seu principal executivo,
mas tem um dos balanços mais
completos entre as empresas
da Bovespa. É possível saber
que os administradores receberam R$ 310,3 milhões em salários, R$ 97,281 milhões em
participações nos lucros e R$
102 milhões em ações.
Entre as outras seis empresas, há dados sobre a composição dos pagamentos -casos de
Vale, Gerdau, Bradesco,
BM&FBovespa e Usiminas-,
mas é impossível saber quanto
se destinou aos executivos e
quanto foi para os conselheiros.
A CVM colocou em consulta
pública uma norma que pretende exigir das grandes empresas informações sobre pagamentos individualizados aos
executivos. Para companhias
em um nível mais baixo de negociação, o mínimo será informar como o pagamento é composto -salários, bônus, pagamentos em ações- e quanto recebem administradores e conselheiros.
"Objeto de curiosidade"
A Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas),
que reúne 85% do valor de mercado das empresas com ações
em Bolsa, é contra a divulgação
de salários individuais dos executivos. "É muito mais um objeto de curiosidade do que de
necessidade dos acionistas",
afirma o presidente da associação, Antônio Castro.
Segundo ele, as perguntas
feitas por investidores se concentram em detalhes sobre os
diversos tipos de remuneração
paga aos administradores e
conselheiros, principalmente
pagamentos ligados a bônus e
ações, mas não sobre o que ganha cada executivo.
A Abrasca concorda em explicitar cada um desses tipos de
pagamento, mas teme uma "espiral inflacionária" nos salários
quando os executivos puderem
comparar a remuneração entre
os concorrentes e aumentos
com custos de segurança para
esses dirigentes.
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