UOL


São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÉDITO PARA O VIZINHO

Vice-chanceler argentino diz que medida anunciada por Lula é uma "dádiva" ; governo não confirma

BNDES deve financiar exportador argentino

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo argentino anunciou ontem que obteve do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a liberação de linhas de crédito para financiar suas exportações.
"É a linha mais importante que o comércio exterior argentino recebeu em um ano e meio. É uma verdadeira dádiva", disse o vice-ministro das Relações Exteriores argentino, Martin Redrado, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto.
Até o fechamento dessa edição, a assessoria de Lula não havia confirmado as informações de Redrado.
O valor do financiamento não foi divulgado por Redrado, que ainda se encontraria ontem à noite no Rio com o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, para discutir os detalhes. Ele disse apenas que o valor é "significativo".
"É um acordo conceitual, falta traduzir em idioma legal, mas fundamentalmente está acertado", disse Redrado. A linha de crédito beneficiaria exportações argentinas para qualquer país do mundo -não está restrito ao Brasil ou a outros parceiros do Mercosul.
"O BNDES daria cartas de crédito aos exportadores argentinos, contra garantias de documentos gerados por importadores no resto do mundo", afirmou Redrado.
A assessoria de imprensa do BNDES não confirmou a informação de Redrado. Informou apenas que o encontro com Darc Costa seria uma visita de cortesia e que, para criar novas linhas de crédito, é preciso a apresentação de um projeto pelos interessados, que será analisado pela diretoria da instituição.
Em 2002, o BNDES destinou US$ 3,9 bilhões para financiar exportadores brasileiros -valor equivalente a 31% das operações. Neste ano, o volume destinado à exportação é de R$ 14 bilhões, aproximadamente 40% das operações de crédito do banco.
Normalmente, o BNDES financia só exportadores brasileiros. O governo também usa o Banco do Brasil para financiá-los por meio de outro programa (Proex), cujos recursos deste ano já estão praticamente comprometidos.
No final de abril, após encontro dos presidentes Lula e Hugo Chávez (Venezuela), em Recife, ficou acertado que o BNDES iria liberar US$ 1 bilhão para financiar exportações brasileiras para o vizinho.
Redrado também falou sobre uma futura moeda única no Mercosul cujo primeiro passo seria a criação de uma espécie de "Instituto Monetário Brasil-Argentina", para harmonizar a flutuação cambial do real e do peso.
"O instituto existiria com vistas a realizar os estudos para avançar na moeda única, que estaria ao final do caminho", disse.
O vice-chanceler também não forneceu prazos para o início das operações deste instituto. Disse apenas que poderia ocorrer no curto prazo. "O que pensamos é que o peso e o real devem se mover na mesma direção", declarou.
A idéia não mudaria o caráter flutuante dos câmbios de ambos os países. "Não significa atar o real a uma banda em respeito ao dólar. Significa que, se mover-se o real, mova-se o peso e, se mover-se o peso, mova-se o real", afirmou.
(FÁBIO ZANINI)


Texto Anterior: Salto no escuro: Consumo de energia sobe 7% após fim do apagão
Próximo Texto: "Crédito é para Brasil exportar para Argentina"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.