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CRÉDITO PARA O VIZINHO
Vice-chanceler argentino diz que medida anunciada por Lula é uma "dádiva" ; governo não confirma
BNDES deve financiar exportador argentino
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo argentino anunciou
ontem que obteve do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a liberação de linhas de crédito para financiar suas exportações.
"É a linha mais importante que
o comércio exterior argentino recebeu em um ano e meio. É uma
verdadeira dádiva", disse o vice-ministro das Relações Exteriores
argentino, Martin Redrado, após
encontro com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no Planalto.
Até o fechamento dessa edição,
a assessoria de Lula não havia
confirmado as informações de
Redrado.
O valor do financiamento não
foi divulgado por Redrado, que
ainda se encontraria ontem à noite no Rio com o vice-presidente
do BNDES, Darc Costa, para discutir os detalhes. Ele disse apenas
que o valor é "significativo".
"É um acordo conceitual, falta
traduzir em idioma legal, mas
fundamentalmente está acertado", disse Redrado. A linha de
crédito beneficiaria exportações
argentinas para qualquer país do
mundo -não está restrito ao
Brasil ou a outros parceiros do
Mercosul.
"O BNDES daria cartas de crédito aos exportadores argentinos,
contra garantias de documentos
gerados por importadores no resto do mundo", afirmou Redrado.
A assessoria de imprensa do
BNDES não confirmou a informação de Redrado. Informou
apenas que o encontro com Darc
Costa seria uma visita de cortesia
e que, para criar novas linhas de
crédito, é preciso a apresentação
de um projeto pelos interessados,
que será analisado pela diretoria
da instituição.
Em 2002, o BNDES destinou
US$ 3,9 bilhões para financiar exportadores brasileiros -valor
equivalente a 31% das operações.
Neste ano, o volume destinado à
exportação é de R$ 14 bilhões,
aproximadamente 40% das operações de crédito do banco.
Normalmente, o BNDES financia só exportadores brasileiros. O
governo também usa o Banco do
Brasil para financiá-los por meio
de outro programa (Proex), cujos
recursos deste ano já estão praticamente comprometidos.
No final de abril, após encontro
dos presidentes Lula e Hugo Chávez (Venezuela), em Recife, ficou
acertado que o BNDES iria liberar
US$ 1 bilhão para financiar exportações brasileiras para o vizinho.
Redrado também falou sobre
uma futura moeda única no Mercosul cujo primeiro passo seria a
criação de uma espécie de "Instituto Monetário Brasil-Argentina", para harmonizar a flutuação
cambial do real e do peso.
"O instituto existiria com vistas
a realizar os estudos para avançar
na moeda única, que estaria ao final do caminho", disse.
O vice-chanceler também não
forneceu prazos para o início das
operações deste instituto. Disse
apenas que poderia ocorrer no
curto prazo. "O que pensamos é
que o peso e o real devem se mover na mesma direção", declarou.
A idéia não mudaria o caráter
flutuante dos câmbios de ambos
os países. "Não significa atar o
real a uma banda em respeito ao
dólar. Significa que, se mover-se o
real, mova-se o peso e, se mover-se o peso, mova-se o real", afirmou.
(FÁBIO ZANINI)
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