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CRISE NO AR
Varig Log afirma que não houve manifestação dos credores; proposta do governo para a cisão da empresa ganha força
Ex-subsidiária desiste de comprar a Varig
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Varig Log retirou a proposta
de compra da Varig por US$ 400
milhões. A ex-subsidiária da Varig, que tem como acionista o fundo de investimento norte-americano Matlin Patterson, pretendia
assumir a parcela saudável da Varig, mas desistiu por entender que
a proposta já estava na mesa havia
muito tempo e que nada tinha sido feito. Segundo a empresa, a
Varig Log vai se dedicar exclusivamente ao segmento de logística.
A retirada da oferta fortaleceu a
proposta do governo, que ganhou
mais fôlego entre os credores.
A oferta da Varig Log foi alvo de
críticas desde o início pela maioria dos credores, por prever manter apenas metade dos funcionários da companhia e não assumir
as dívidas com o Aerus, fundo de
pensão dos funcionários. Para
Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal, a desistência da Varig Log no negócio já era prevista.
"A proposta dela tinha algumas
dificuldades na parte legal e com
os credores, mas não descarto que
a Varig Log possa ser uma das interessadas na Varig doméstica."
Com a mudança no cenário, os
credores vão avaliar, em assembléia na próxima segunda-feira, a
proposta da Alvarez & Marsal, a
do consultor Jayme Toscano, de
US$ 1,9 bilhão, mas sem a comprovação da origem dos recursos,
e a do TGV (Trabalhadores do
Grupo Varig), de R$ 2,5 bilhões.
O detalhamento da proposta do
governo foi apresentado a trabalhadores, empresas de leasing e
estatais ontem em reunião na sede da companhia. De acordo com
os credores ouvidos pela Folha, a
tendência é a de que esta alternativa de recuperação seja aprovada
na assembléia marcada para a
próxima segunda-feira. "O clima
da reunião foi muito bom, dificilmente esse plano deixa de ser
aprovado na assembléia", disse a
presidente do Sindicato Nacional
dos Aeroviários, Selma Balbino.
Segundo Gomes, o diferencial
da proposta é permitir a separação da Varig em duas companhias com potencial de crescimento. Segundo o executivo,
mais de dez grupos, entre companhias aéreas e fundos de investimento já procuraram o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para
obter informações sobre o leilão.
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) já qualificou 27
empresas. Credores afirmam que
TAM, Webjet, Gol e OceanAir já
manifestaram interesse.
Empréstimo
Caso a proposta seja aprovada
pelos credores, o BNDES vai apresentar na terça-feira as condições
para um empréstimo-ponte de
US$ 100 milhões. O banco vai antecipar cerca de 15% do valor mínimo do leilão a uma empresa intermediária, que vai repassar o
valor à Varig. A intermediária poderá ser uma das empresas interessadas em participar do leilão.
A principal resistência à proposta do governo deve partir do
TGV (Trabalhadores do Grupo
Varig), que ganhou na Justiça o
direito de representar os trabalhadores. Segundo Rodrigo Marocco, presidente da Apvar (Associação dos Pilotos da Varig), o grupo
é contrário à cisão da Varig em
segmentos nacional e internacional. "Defendemos o leilão dos ativos operacionais da empresa como um todo e estamos construindo essa proposta de consenso
com a Anac [Agência Nacional de
Aviação Civil] e com setores do
governo", disse.
Segundo o modelo de segregação da Varig em duas, a fatia doméstica deve ficar com 30 aeronaves e a internacional, com 25. Nesse cenário, a Varig Internacional
poderá operar rotas domésticas
de maior procura e fundamentais
para a alimentação da malha internacional.
A Varig Internacional não vai se
voltar para o segmento de baixo
custo e baixa tarifa. Segundo o estudo da Alvarez & Marsal, a análise dos resultados financeiros da
empresa mostra maior rentabilidade nos produtos com foco em
passageiros executivos, mais opções noturnas, freqüências diárias
e menor utilização das aeronaves.
Segundo Balbino, deve haver
mais demissões porque será necessário adequar o perfil da Varig
Doméstica ao das concorrentes.
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