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Governo acelera o PAC na véspera de balanço
Em 12 dias, ministérios empenham quase R$ 1 bilhão do Orçamento da União
Apesar do ritmo mais veloz, pagamento de recursos comprometidos até agora ainda é baixo: R$ 653 mi,
de um total de R$ 1,6 bi
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às vésperas do balanço oficial do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o governo Lula acelerou o ritmo e
aumentou em 57% o comprometimento de recursos do Orçamento da União com obras
previstas no programa.
Pressionados pelo próprio
presidente Lula e pela ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil),
que reagiram às críticas da oposição de que o PAC havia empacado, os ministros empenharam, em apenas 12 dias úteis,
R$ 999,686 milhões.
Esse valor, contabilizado entre os dias 14 de abril e 2 de
maio, é bem superior aos
R$ 636,858 milhões que o governo havia separado para gastos (empenho, no jargão financeiro) de janeiro até o dia 13 de
abril deste ano.
Ao todo, o Orçamento da
União aprovado pelo Congresso prevê que cerca de R$ 7,3 bilhões sejam destinados ao PAC
neste ano. Com a aceleração
das últimas semanas, o total
empenhado de janeiro até o dia
2 de maio foi de R$ 1,636 bilhão.
Segundo a organização não-governamental Contas Abertas, responsável pela pesquisa a
partir de dados do Orçamento,
ficou claro que o governo pisou
no acelerador nos últimos dias
depois que foi anunciado um
balanço do PAC, prometido para a semana passada, mas
transferido para amanhã.
"Agora, é justo destacar que
desde o lançamento do PAC, no
dia 22 de janeiro, há um esforço
do governo para impulsionar os
investimentos, apesar de todos
os entraves ambientais e burocráticos que ainda persistem e
evitam um investimento maior
do governo", diz Gil Castelo
Branco, da Contas Abertas.
Exemplo
Ele aponta como exemplo o
total de investimentos que foram efetivamente pagos nos
quatro primeiros meses deste
ano e incluem outros projetos
além do PAC. Nesse período, o
governo desembolsou R$ 3,5
bilhões, computando também
restos a pagar do ano passado.
Esse valor representa um
crescimento de 31% em relação
aos R$ 2,666 bilhões registrados em igual período de 2006,
ano eleitoral, quando o governo
acelerou seus gastos no início
do ano devido à proibição de liberação de recursos no segundo semestre.
Analisando apenas os programas do PAC, porém, o ritmo
de pagamento dos investimentos é bastante inferior à quantia
empenhada para gasto. Para
um total de R$ 1,636 bilhão de
recursos empenhados, os ministérios quitaram R$ 652,743
milhões até o dia 2 de maio, incluindo nesse cálculo dívidas
de 2006 que ficaram para serem quitadas neste ano, o chamado restos a pagar.
Na avaliação feita pelos ministros ao presidente Lula, na
última sexta-feira, os restos a
pagar foram essenciais para a
execução de obras no início
deste ano. Segundo um ministro, essas despesas responderam por uma parcela significativa dos investimentos no primeiro trimestre.
Se for computado apenas
aquilo que foi pago do Orçamento deste ano, o valor efetivamente investido pelo governo cai para meros R$ 21,574
milhões. Esse descompasso entre empenho de gastos (a reserva do dinheiro para determinado projeto) e seu efetivo pagamento é, porém, comum em
início de ano. Quando isso se
verifica ao longo do período,
como chegou a acontecer nos
primeiros anos do governo Lula, é o Tesouro Nacional segurando o dinheiro para fazer superávit primário.
Longe do ideal
No ano do PAC, porém, o secretário do Tesouro, Tarcísio
Godoy, já destacou que a restrição a gastos não é o problema,
já que sobram recursos e faltam
investimentos. Das 340 obras
prometidas pelo presidente para acelerar o crescimento da
economia, 108 não empenharam ainda nenhum real do orçamento previsto inicialmente.
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