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BCs vêem crise mais fraca e países emergentes mais fortes
DO ENVIADO A BASILÉIA
A economia mundial começa
a ver uma luz no fim do túnel.
Embora ainda não se arrisquem a dizer que o pior já passou, essa foi a mensagem transmitida ontem por algumas das
principais autoridades monetárias do planeta, demonstrando um otimismo que estava ausente em seu encontro anterior, em março. Na época, uma
recessão forte nos Estados Unidos parecia inevitável.
Reunidos em Basiléia, na
Suíça, presidentes dos bancos
centrais, entre eles o do brasileiro, Henrique Meirelles, sinalizaram que o crescimento econômico mundial continua significativo, em grande parte graças ao bom desempenho dos
países emergentes, entre eles o
Brasil. Ao mesmo tempo, alertaram de que há um outro perigo à espreita, do qual nenhum
país está imune, o da inflação.
"O crescimento global continua significativo, apesar da desaceleração observada em alguns países industrializados",
disse o presidente do Banco
Central Europeu, Jean-Claude
Trichet, falando em nome dos
banqueiros. "Graças à notável
resistência de grande número
de economias emergentes, nós
vemos contínuo crescimento
em nível significativo, ainda
que menor que em 2007."
Trichet, que há meses vem citando o risco da inflação ao resistir às pressões para que reduza os juros na zona do euro,
disse que a disparada global nos
preços dos alimentos e do petróleo aumentou o perigo.
"Os riscos inflacionários são
significativos, o que é percebido em todas as economias, sem
exceção", disse Trichet. "Estão
tão presentes nas economias
emergentes como no mundo
desenvolvido."
A conclusão dos banqueiros
reunidos na Suíça, afirmou Trichet, é a de que não há espaço
para "complacência" no combate à inflação, sobretudo em
um momento em que as matérias-primas batem recordes de
preços. A boa notícia é que a
crise financeira dá sinais de arrefecimento. "Um número de
indicadores nos sugere que as
tensões estão aliviando progressivamente", disse Trichet.
Henrique Meirelles confirmou que houve uma mudança
de foco desde a última reunião
realizada no Banco de Compensações Internacionais (BIS,
na sigla em inglês), em março.
Para ele, ainda há risco de uma
"recessão profunda" nos EUA,
mas menor que há dois meses.
"O cenário é de muito mais serenidade, não há dúvida", disse
Meirelles.
Segundo o presidente do BC
brasileiro, com a melhora na
atividade econômica mundial,
a preocupação com a inflação
esteve em primeiro plano na
reunião do BIS.
"Houve um consenso de que
os BCs devem estar preparados
para evitar que um processo inflacionário se instale, tal qual
ocorreu na década de 1970,
quando houve o choque do petróleo. Naquela oportunidade,
o controle da inflação, depois
de instalada, foi muito custoso
para os países", disse ele.
Meirelles atribuiu a relativa
recuperação dos mercados de
crédito à intervenção das autoridades monetárias dos países
mais atingidos. De acordo com
ele, ao contrário das incertezas
que persistem no mercado
imobiliário, "os mercados financeiros começam a dar sinais de estabilização".
(MN)
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