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Consumidor deve denunciar alta de combustível, diz Lula
Presidente incentiva fiscalização popular, mas governo só pode punir em caso de cartel
Se não for esse o caso, Lula orienta os consumidores a escolherem os locais com
os preços mais baixos para evitar aumentos abusivos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu programa semanal
de rádio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou ontem os consumidores a denunciarem eventuais aumentos da
gasolina nos postos. Na prática,
entretanto, o conselho é praticamente inócuo, já que não há,
no país, um sistema de controle
de preços nos postos.
No programa, o "Café com o
Presidente", Lula não mencionou de que maneira os consumidores poderiam reclamar de
reajustes. Ele foi questionado
genericamente pelo apresentador do programa sobre como o
aumento de 10% nas refinarias
vai afetar os brasileiros na hora
de abastecer o veículo.
Lula disse, então, que o reajuste não terá "nenhum reflexo" para o consumidor e que a
decisão foi uma "medida inteligente" da equipe econômica.
Isso porque, simultaneamente
ao anúncio de alta nos preços
da gasolina e do diesel nas refinarias, o governo decidiu reduzir a Cide.
"Eu acho que foi uma medida, eu diria, inteligente da equipe econômica, porque era preciso fazer um reajuste para a Petrobras, porque ela está já há
algum tempo sem reajustar,
mas nós não queremos que esse
aumento tenha um efeito na inflação. Por isso é que foi feito
um jogo combinado: o aumento
com desconto na Cide, e isso diminui o efeito do aumento."
Em entrevista ao "Jornal da
Cultura" também ontem, o presidente disse: "A gasolina e a
Petrobras têm que contribuir
com a inflação, não é só os outros setores da economia, e nós
achamos que está de bom tamanho esse preço".
No "Café com o Presidente",
Lula ressaltou que "é importante as pessoas ficarem atentas". "A gasolina não aumenta
nada no posto. Se algum posto
estiver aumentando, as pessoas
podem denunciar porque não
aumenta nada, e o óleo diesel
aumenta 8,8%".
Questionado, o governo admitiu que só poderá atuar para
conter o preço da gasolina e do
diesel caso haja formação de
cartel por parte dos postos ou
distribuidoras. Se isso não
acontecer, caberá ao consumidor escolher os estabelecimentos com preços mais baixos para evitar aumentos.
"Onde houver cartel, aí o governo tem mecanismos legais,
objetivos e rígidos para impedir. Onde não houver cartel,
apenas a competição entre um
e outro, o próprio consumidor
terá condições de fiscalizar no
seu próprio interesse", disse o
ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão. "Temos um sistema funcionando, que é o da livre concorrência. Os postos terão interesse em vender mais barato para concorrer uns com
os outros", afirmou.
Ainda segundo o ministro, a
ANP (Agência Nacional do Petróleo) foi orientada a acionar o
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) caso
constate aumentos indevidos.
Para o governo, não deve haver
alteração no preço da gasolina,
e o do diesel só pode subir 8,8%.
Indagado sobre para quem o
consumidor deveria ligar em
caso de constatar aumento superior ao projetado pelo governo, o ministro informou que o
órgão seria o Cade.
Por meio da assessoria, o Cade informou que está preparado para receber as denúncias,
mas acrescentou que essas informações serão repassadas à
SDE (Secretaria de Direito
Econômico), órgão responsável
por investigações de prática
contra a livre concorrência.
Reclamações podem ser feitas no site da SDE:
www.mj.gov.br/sde
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