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Expansão da indústria é a maior em 5 anos, diz CNI
Faturamento cresceu 7,6% no 1º trimestre em relação ao mesmo período de 2007
Uso da capacidade instalada tem pouca variação, o que indica, segundo a entidade, maturação do investimento realizado pelas empresas
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Favorecido pelo consumo
aquecido e pela necessidade de
repor estoques, o setor industrial registrou o maior ritmo de
crescimento dos últimos cinco
anos no primeiro trimestre de
2008 na comparação com o
quarto trimestre do ano anterior, segundo pesquisa divulgada ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Na análise com o primeiro
trimestre de 2007, os resultados de janeiro a março deste
ano também são positivos, com
os indicadores apresentando
elevadas taxas de expansão.
Essa boa performance, porém, pode não se repetir no segundo trimestre. Segundo a
CNI, a tendência é de leve acomodação da produção entre
abril e junho. "A retomada de
alta dos juros, o câmbio valorizado e a concorrência do produto nacional com o estrangeiro apontam para uma pequena
redução do ritmo de expansão",
avaliou o gerente-executivo da
CNI, Flávio Castelo Branco.
De acordo com a CNI, na
comparação do primeiro trimestre com o quarto trimestre
do ano passado, as indústrias
registram aumento médio de
1,8% do faturamento, de 2,1%
nas horas trabalhadas na produção e de 1,1% no pessoal empregado. Considerando essa
base de comparação, foram as
maiores variações desde 2003.
Em relação aos três primeiros meses de 2007, as variações
dos indicadores no primeiro
trimestre de 2008 são ainda
mais expressivas. As altas foram de 7,6% para faturamento,
de 6% para horas trabalhadas e
de 4,9% para pessoal empregado na produção.
Os segmentos com os melhores desempenhos são montadoras de veículos, fábricas de
máquinas e equipamentos, indústria de alimentos, de bebidas e metalúrgicas.
Num contexto de expansão, o
setor registrou estabilidade no
uso da capacidade instalada,
com o indicador de 83,1% mantendo-se praticamente no mesmo nível nos últimos seis meses. Segundo a CNI, a ampliação da produção, combinada
com estabilidade no uso do parque fabril, indica maturação de
investimentos.
Para alguns analistas, a ampliação da capacidade de produção é um dado positivo que,
porém, não deve demover o
Banco Central do propósito de
continuar a elevar os juros como forma de evitar a disparada
de preços. "Não vai ser a estabilidade ou ligeira queda no nível
de uso da capacidade instalada
que fará o Banco Central ficar
menos preocupado. Hoje, a
maior preocupação da autoridade monetária são as surpresas inflacionárias", comentou
Zeina Latif, economista do
Banco Real.
Comportamento
Na Tendências Consultoria,
a avaliação é que outros indicadores, como o que o IBGE divulga nesta terça, irão auxiliar o
BC na análise do comportamento da produção industrial.
A economista Cláudia Oshiro
disse que o resultado do primeiro trimestre indica que as
indústrias poderão ampliar a
atividade sem elevar a capacidade de produção.
No Ipea, o diretor de Estudos
Macroeconômicos, Marcelo
Nonnenberg, informou que o
dinamismo levará o instituto a
elevar a previsão de expansão
do setor neste ano. Inicialmente, o Ipea estimou aumento de
4,8% para a indústria, percentual que deve passar para 5%. A
despeito disso, ele avaliou que a
atividade industrial deve desacelerar no segundo trimestre
porque as comparações começarão a ser feitas com bases
mais elevadas de 2007 e porque
a subida dos juros deve exercer
efeito sobre as expectativas de
consumo e produção.
De forma isolada, as variações de março sinalizam amortecimento. Em relação a fevereiro, que foi um mês de resultado forte, o faturamento e as
horas trabalhadas recuaram
0,5% e 0,3%, respectivamente.
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