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Indústria vive recuperação "suave", diz IBGE
Segundo o instituto, desde o início do ano, setor reage e supera produção do mês anterior, mas ainda de forma "gradual"
Em relação ao 1º trimestre do ano passado, queda ainda é forte, de 14,7%; produção de bens de capital recua
pela 1ª vez em 22 trimestres
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A indústria viveu no primeiro trimestre uma fase de "suave" e "gradual" recuperação,
que resultou em uma expansão
de 4,8% (na taxa livre de influências sazonais acumulada
no período) desde que bateu no
fundo do poço, em dezembro,
segundo o IBGE. Em março, o
crescimento na margem foi de
0,7% em relação a fevereiro,
quando a produção havia subido com mais força -1,9%.
No último trimestre do ano
passado, a produção industrial
havia caído 20,1% em relação
ao nível de setembro, sob efeito
do agravamento da crise.
Pelos dados do IBGE, a indústria recuou 14,7% no primeiro trimestre em relação aos
três primeiros meses do ano
passado, o pior resultado desde
1991. Essa taxa negativa, somada à queda do último trimestre
de 2008, colocou o setor fabril
em recessão e fez a produção
registrar uma queda acumulada de 16,7% -a mais intensa
desde 1990, quando o país sofria os efeitos do Plano Collor.
"Desde o início do ano, a indústria reage e suplanta a produção do mês anterior, mas o
fato é que esse movimento tem
sido ainda muito moderado. Há
uma recuperação importante,
mas muito suave e gradual, a
ponto de os indicadores comparativos com 2008 permanecerem ainda negativos", disse
Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE.
Em março, a retração foi de
10% em relação ao mesmo período de 2008, impulsionada
para baixo especialmente pelo
fraco desempenho de bens de
capital, categoria que inclui
máquinas e equipamentos e sinaliza o comportamento dos
investimentos.
Segundo o IBGE, a produção
de bens de capital cedeu 6,3%
ante fevereiro, única categoria
com taxa negativa no mês. Caiu
23% em relação a março de
2008. No primeiro trimestre,
acumulou retração de 20,8%
em relação ao mesmo período
de 2008, interrompendo uma
trajetória de 22 trimestres consecutivos de expansão.
Os dados, dizem especialistas, enterraram um longo e
promissor período de crescimento do investimento. "A indústria saiu do fundo do poço e
passa por uma fase de recuperação lenta, mas o fraco desempenho dos bens de capital trava
uma perspectiva de melhora
mais acelerada", diz Sérgio Vale, da MB Associados.
Para Bráulio Borges, da LCA,
a produção de máquinas e equipamentos frustrou as expectativas e explica o resultado ainda
modesto da indústria no primeiro trimestre. "Os bens de
capital limitaram a recuperação da indústria."
Na visão de Marcela Prada, o
fraco resultado de bens de capital indica a piora da expectativa
de empresários, que já postergam ou cancelam investimentos diante da menor demanda
-especialmente a externa.
O tombo de bens de capital
minimizou os efeitos positivos
da desova de estoques acumulados pelas indústrias desde
que a crise eclodiu. Reduz ainda o impacto das medidas de
estímulo do governo à produção, como a redução do IPI sobre carros e mais recentemente
sobre eletrodomésticos.
"Os estoques voltaram aos
níveis normais, o que sinaliza
um desempenho melhor daqui
para a frente. Mas os bens de
capital frustraram", diz Borges.
Por seu turno, o crescimento
na fabricação de veículos impulsionou o desempenho de
bens duráveis -alta de 1,7% de
fevereiro para março, a maior
entre as categorias pesquisadas. Com expansão de 7%, a
produção de veículos automotores liderou a alta da indústria.
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