São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Conta de luz deve ficar 1% mais cara com seca no Sul

Acionamento de usinas termelétricas custará R$ 800 milhões a consumidores

Entre 2007 e 2008, ligação de usinas a gás gerou custo extra de R$ 2 bilhões, valor que já vem sendo repassado para as tarifas


Marielise - 30.dez.08/"Zero Hora"
Usina hidrelétrica de Itá, na região Sul; baixo nível dos reservatórios faz governo acionar as termelétricas, que têm custo maior

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A seca no Sul, que reduziu os reservatórios de água nas hidrelétricas ao pior patamar da história, terá custo alto para o consumidor de energia.
O acionamento emergencial de usinas térmicas a gás para compensar a menor geração nas hidrelétricas da região, desde sábado, custará R$ 800 milhões neste ano, prevê o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Com isso, a conta de luz deve ficar 1% mais cara, calcula a Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica).
O valor é inferior aos R$ 2 bilhões que a energia térmica extra gerada entre 2007 e meados de 2008 custou -valor que já vem sendo repassado desde o ano passado ao consumidor.
Naquele período, o custo foi maior porque o período de seca foi mais longo. "O sistema também está sendo gerido de forma mais eficiente", disse o presidente do ONS, Hermes Chipp.
O diretor-técnico regulatório da Abradee, Fernando Maia, calcula que as contas de luz já estejam 3% mais caras devido aos acionamentos de térmicas no ano passado e neste ano. "A Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica, que regula as tarifas] previu que o sistema emergencial seria acionado e antecipou parte do repasse."
O acionamento das térmicas ocorre quando, em dada região, o nível dos reservatórios atinge nível considerado crítico pelo ONS. Hoje, no Sul, o nível é de 38%, abaixo dos 40% considerados margem de segurança.
Movidas a gás, carvão ou óleo combustível, as térmicas representam 13% da capacidade de geração de energia no Brasil. Na prática, porém, geram só 4,3%, pois são mais caras.
As hidrelétricas fornecem 93,2% da energia do país porque geram força mais barata.
Tomando por base as usinas novas, o preço da energia gerada em hidrelétricas está em R$ 130 por megawatt-hora, em média, contra R$ 250 em uma térmica. Uma família de quatro pessoas consome, em média, 0,15 megawatt-hora por mês -o valor é acrescido de impostos, tarifas de transmissão e remuneração das distribuidoras.
Mesmo mais caro, o parque de usinas térmicas foi ampliado para evitar que, em um período de seca mais rigoroso, haja risco de apagão, como em 2001. E são acionadas, por ordem de preço, à medida que caem os níveis dos reservatórios abaixo do limite de segurança.
"O custo hoje é preventivo e muito menor do que pagaríamos se houvesse um apagão. Antes, pagávamos menos, mas o risco era maior", diz Maia.
Neste ano, porém, o risco de apagão devido à estiagem é considerado baixo pelo ONS -inferior a 5%. Primeiro porque a crise reduziu a demanda por energia. O consumo no país caiu 3,5% desde outubro, de 53.700 MW médios para 50.800 MW médios.
Segundo porque o peso da geração hidrelétrica do Sul não é tão alto quanto o do Sudeste -11% do total do país, ante 44,5% do Sudeste.
A diretora de gás da Petrobras, Graça Foster, afirmou que, com a maior geração de energia nas térmicas a gás, a importação de gás da Bolívia voltará ao teto de 30 milhões de metros cúbicos por dia.


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