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Brasil fará proposta ao Paraguai sobre Itaipu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula convocou
quatro ministros e técnicos de
diferentes áreas do governo para uma reunião na tarde de hoje, na qual baterá o martelo sobre a proposta a ser apresentada ao presidente do Paraguai,
Fernando Lugo, que chega
amanhã ao Brasil para, mais
uma vez, insistir na ideia de
mudar o Tratado de Itaipu.
Até ontem, havia divergências no governo brasileiro sobre o que oferecer a Lugo, sobretudo no que diz respeito a
propostas intermediárias, que
poderiam atender em parte a
demanda paraguaia.
Uma das ideias em estudo, a
de estender o prazo final de
quitação da dívida paraguaia,
de 2023 para 2040, encontra
resistências na Fazenda. Outra,
que previa antecipar a compra
da energia excedente de Itaipu,
era dada como praticamente
descartada ontem no Ministério de Minas e Energia.
Há consenso sobre o fato de
que, para o Brasil, o tratado é
imutável e de que é descabida a
tese paraguaia segundo a qual a
dívida assumida na década de
70 para construir a hidrelétrica
seria ilegítima. O governo insiste ainda em que são inviáveis
quaisquer alterações que exijam a aprovação do Congresso.
O Brasil voltará a insistir com
Lugo nos pontos ofertados ao
Paraguai em janeiro. Entre
eles: abertura de linha de crédito do BNDES para financiar a
construção de pontes e de uma
linha de transmissão da energia
de Itaipu a Assunção e uma receita adicional de cerca de US$
100 milhões anuais ao Paraguai
pela cessão da energia ao Brasil.
Nos últimos dias dias, o principal negociador do Paraguai
para Itaipu, Ricardo Canese, e o
ministro Edison Lobão (Minas
e Energia) batem boca, via imprensa, sobre o futuro de Itaipu. Canese disse ao jornal "Valor Econômico" não aceitar o
reajuste proposto pela Eletrobrás e confirmou que o Paraguai cogita recorrer a uma corte internacional caso persista o
desentendimento. Lobão rebateu: "Eles reivindicam o que
não é de direito e o que não podemos fazer".
Lula, entretanto, está convencido de que o Brasil precisa
encontrar maneiras de ajudar o
Paraguai, o mais pobre dos sócios do Mercosul, sobretudo
num momento de fragilidade
política de Lugo, que enfrenta
um escândalo de paternidade.
"Vamos conversar. O presidente Lula vai ter uma reunião
amanhã [hoje], com vários ministros, e aí vamos fixar uma
posição que seja de governo, e
acho que é isso que temos de fazer para encontrar uma solução que seja justa e viável, para
que os paraguaios se sintam recompensados pelo recurso natural, cuja metade é deles, mas
que ao mesmo tempo reconheçam que o Brasil financiou a
usina e construiu a usina também porque tem suas necessidades", afirmou ontem o chanceler Celso Amorim.
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