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Teles querem barrar plano de banda larga
Após serem surpreendidas pelo anúncio do governo, empresas pretendem impedir que a Telebrás ofereça acesso à internet
Para as teles, a estatal só poderia operar a rede de banda larga se obtivesse autorização do Congresso, por meio de uma nova lei
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
As empresas de telefonia ficaram "decepcionadas" com a
divulgação do Plano Nacional
de Banda Larga feita ontem pelo Palácio do Planalto e já cogitam recorrer à Justiça para tentar impedir a Telebrás de oferecer o serviço de internet rápida
aos usuários finais.
Ontem, enquanto os ministros divulgavam os detalhes do
plano, no Palácio do Planalto,
os presidentes das grandes empresas de telefonia fixa e celular (Oi, Telefônica, Embratel,
GVT, Vivo, TIM, Claro e CTBC)
faziam uma teleconferência para discutir a decisão do governo
de usar a Telebrás como gestora da banda larga pública.
Segundo executivos ouvidos
ontem pela Folha, a reativação
da Telebrás uniu tradicionais
concorrentes, como Embratel,
Oi, Telefônica e GVT, que se
sentem igualmente ameaçadas
pela perspectiva de terem concorrência estatal no segmento
de banda larga.
Anteontem à noite, a Telebrás havia informado à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) e à Bovespa que integrará
o Plano Nacional de Banda
Larga e que caberá a ela, entre
outras tarefas, implementar a
rede privativa de comunicação
da administração pública federal e prestar serviço de conexão
à internet em banda larga para
usuários finais em localidades
onde não exista oferta adequada do serviço.
As empresas foram surpreendidas pelo fato relevante
divulgado pela Telebrás.
Segundo executivos, as teles
contavam que seriam chamadas pelo governo para uma discussão antes do anúncio do
plano, o que não ocorreu. Alegam, inclusive, que tinham
promessas nesse sentido, feitas
por assessores diretos do presidente Lula.
A possibilidade de a Telebrás
atuar no varejo onde não tiver
oferta adequada do serviço pela
iniciativa privada cria, na visão
das teles, uma possibilidade
muito ampla de intervenção
estatal, por ser vaga e subjetiva.
Legalidade questionada
A primeira reação das empresas ao anúncio do plano do
governo foi contratar pareceres
de advogados renomados sobre
a legalidade de a Telebrás oferecer o serviço.
O entendimento delas é que a
lei que criou a Telebrás não daria tal cobertura, e a estatal só
poderia operar a rede de banda
larga com autorização do Congresso Nacional, por meio de
uma nova lei.
Para as empresas, a reativação da Telebrás como prestadora de serviço seria uma quebra nos compromissos assumidos pelo governo brasileiro por
ocasião da privatização da telefonia, em 1998.
Em nota, o Sinditelebrasil
(Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço
Móvel Celular e Pessoal) disse,
ontem, que a inclusão da Telebrás no Plano Nacional de Banda Larga tem de obedecer ao arcabouço legal e que as regras
definidas na Lei Geral de Telecomunicações só podem ser alteradas pelo Legislativo.
Segundo a entidade, as empresas privadas investiram R$
180 bilhões no setor, desde a
privatização.
As teles justificam o uso do
recurso judicial com o argumento de que têm o dever de
proteger os interesses de seus
acionistas, que estariam sendo
ameaçados pelo plano.
Elas discordam de que a Telebrás se torne a única provedora de serviço de comunicação para a administração pública direta, que gera uma receita
anual de R$ 200 milhões.
Alegam que o provedor deveria ser escolhido por licitação
pública e que a Telebrás poderia concorrer, desde que tivesse
o mesmo tratamento tributários dado aos demais concorrentes privados.
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