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ARTIGO
Primo pobre da politica econômica
RUBENS BARBOSA
ESPECIAL PARA A FOLHA
As medidas de apoio aos exportadores anunciadas pelo governo são positivas e estão no
caminho certo. As decisões, limitadas e setoriais, visam, sobretudo, à facilitação de comércio, à isenção tributária e à devolução de crédito, todas com
condicionantes significativas.
A criação do Eximbank, antiga aspiração do setor exportador, talvez seja a medida de
maior impacto e, dependendo
dos recursos disponíveis e de
como for colocada em prática
pelo BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), poderá vir a representar respaldo importante.
As providências, porém, não
enfrentam as principais causas
da perda da competitividade
dos produtos brasileiros. O
"custo Brasil", resultado da alta
carga tributária, das despesas
com logística (infraestrutura),
juros, burocracia, energia, investimentos e insumos básicos,
representa 36% do preço de
produção, de acordo com estudo recente da Abimaq. Se acrescentarmos os efeitos da apreciação do câmbio, temos o quadro real das dificuldades dos
exportadores.
O aumento expressivo do comércio exterior até 2008 escondeu a vulnerabilidade do setor. As reformas necessárias
para reduzir o "custo Brasil" foram deixadas de lado. Assim, a
queda das exportações em
2009 não pode ser atribuída
apenas à recessão e à desaceleração do consumo de produtos
brasileiros no mercado internacional.
No plano doméstico, transpareceram as dificuldades de
coordenação e a necessidade de
um comando claramente identificado no setor. Não consta
que as medidas agora anunciadas tenham sido examinadas
pela Camex, o colegiado competente para discuti-las e aprová-las.
A rentabilidade das exportações, tanto de manufaturados
quanto de produtos agrícolas,
foi em 2009 a menor da história. A crise propiciou a mudança no perfil das exportações
brasileiras. Pela primeira vez,
desde 1978, a exportação de
commodities supera a de produtos manufaturados.
Com a perda da competitividade dos produtos manufaturados, nossas exportações, em
2009, caíram 22,7%, e as importações, 26,4%. As perspectivas para 2010 não são diferentes, prevendo-se uma significativa queda do superavit na balança comercial.
As metas fixadas pelo governo não estão sendo alcançadas,
e o Brasil está perdendo mercado no contexto global do comércio exterior, voltando a ser
responsável apenas por 1,1% do
total das trocas internacionais.
O comércio exterior brasileiro está demandando uma ampla reforma, a partir do fortalecimento da Camex e da coordenação interna, em parceria com
o setor privado, com vistas a reduzir o "custo Brasil".
Política industrial, com ênfase na inovação, e nova estratégia de negociação externa poderiam abrir mercados para
produtos de alto valor agregado, por meio de acordos de livre
comércio, paralisados nos últimos oito anos, por considerações políticas.
RUBENS BARBOSA é presidente do Conselho
de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo).
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