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Lucro de bancos com empréstimos
é o maior desde fevereiro de 2000
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A margem de lucro dos bancos
com financiamentos e empréstimos para as pessoas físicas atingiu
no mês de abril o maior nível desde fevereiro de 2000.
Desta vez, nem as tradicionais
justificativas que os bancos sempre empregaram para explicar os
elevados juros cobrados dos consumidores podem ser dadas. Em
março e abril deste ano, o chamado "spread" bancário (que também pode ser lido como o ganho
com as operações de crédito") aumentou significativamente, sem
nenhum fator adicional aparente.
Segundo dados do Banco Central, a inadimplência das pessoas
físicas caiu, os juros básicos da
economia ficaram estáveis e as alíquotas do recolhimento compulsório (dinheiro retido no BC) não
foram alteradas. Os bancos usam
essa tríade de argumentos, mais a
carga tributária, como justificativa para o aumento dos "spreads"
embutidos nos juros.
Essa elevação do ganho com as
operações de crédito ajuda a entender por que o lucro dos bancos
no primeiro trimestre deste ano
alcançou R$ 4,780 bilhões, o que
representou aumento de 18,69%,
em relação aos R$ 4,027 bilhões
verificados no mesmo período do
ano passado.
Os números fazem parte de levantamento feito pelo Banco Central com base nas demonstrações
financeiras de 164 bancos que
atuam no país.
Em janeiro deste ano, o
"spread" sobre as operações para
pessoas físicas estava em 56,8%.
Isso significa que a diferença entre
a taxa média paga pelos bancos
para remunerar o dinheiro dos
clientes, como o poupador da caderneta, e os juros cobrados dos
tomadores de empréstimos, como as pessoas que entram no cheque especial, era de 56,8 pontos
percentuais.
Em fevereiro, essa taxa caiu um
pouco, para 56,3%. Mas em março, subiu para 59,9%. Em abril,
aumentou novamente, para
61,1%. Em fevereiro de 2000 era de
66,8%.
O "spread" sobre as operações
para as empresas caiu de fevereiro
para março, de 15,1% para 14,9%.
Mas em abril subiu para 15,3%. A
taxa média geral (pessoas jurídicas mais pessoas físicas) também
subiu de março para abril de
33,2% para 34,1%.
De fevereiro para março, a taxa
de inadimplência média sobre as
operações de crédito para as pessoas físicas caiu de 7,9% para
7,6%. Em abril, permaneceu em
7,6%.
Essa taxa representa o quanto
do total dos empréstimos e financiamentos feitos para os consumidores estava em atraso por um
período superior a 90 dias.
Nos mesmos dois meses, a taxa
básica básica de juros da economia (Selic) ficou inalterada em
26,5% ao ano. As alíquotas do recolhimento compulsório (parte
dos depósitos à vista, a prazo e da
poupança que os bancos são obrigados a recolher ao BC) também
não foram alteradas.
"Isso prova que não é tão direta
assim essa correlação entre inadimplência e "spread" bancário",
disse à Folha o líder do governo
no Congresso, senador Aloizio
Mercadante (PT-SP).
Mercadante defende que os
bancos públicos, Banco do Brasil
e Caixa Econômica Federal, sejam
usados "como mais um instrumento" para forçar a redução do
"spread".
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