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EUROPA ESTAGNADA
Na Alemanha, taxa será a menor desde 1875; presidente do banco sugere que pode haver nova redução
BC Europeu decide agir e corta juro para 2%
TONY MAJOR
BETTINA WASSENER
PERONET DESPAIGNES
DO "FINANCIAL TIMES"
O BCE (Banco Central Europeu) cortou ontem as taxas de juros em 0,5 ponto percentual, para
2%, em meio ao crescente pessimismo quanto ao estado da economia na zona do euro. Trata-se
da taxa mais baixa já adotada pelo
BCE, e os juros para os países da
zona do euro serão os menores
desde o final da Segunda Guerra.
Enquanto o medo da deflação
atinge a Alemanha, os juros no
país caíram ao patamar mais baixo desde 1875, quando começaram a ser registradas. O corte já
havia sido previstos pelos analistas do mercado financeiro e foi
elogiado pelos líderes políticos do
continente.
O holandês Wim Duisenberg,
presidente do Banco Central Europeu, disse que o nível de consenso entre os diretores da instituição sobre o corte foi "elevado".
Afirmou ainda que a possibilidade de um corte ainda maior havia
sido "mencionada" durante a
reunião do conselho.
Mas o corte na taxa e os comentários sobre um eventual novo
corte não bastaram para conter a
valorização do euro diante do dólar. A moeda européia teve a
maior alta diária dos últimos dois
anos, encerrando o dia cotada a
US$ 1,183.
EUA frustram
O deslize do dólar ocorreu por
causa de fracos indicadores divulgados nos EUA. Os pedidos de seguro-desemprego novos dispararam na semana passada para seu
total mais elevado em cinco semanas, e as encomendas à indústria
em abril caíram 2,9%, a maior
queda nos últimos 17 meses.
Os indicadores levaram os mercados futuros a embutir em seus
preços a possibilidade de um novo corte nos juros norte-americanos, de 0,25 ponto percentual, antes do final do próximo mês. A taxa do Federal Reserve (banco central norte-americano) está hoje
em 1,25% ao ano, o menor nível
em mais de quatro décadas.
Duisenberg disse que o conselho do BCE optou por não adotar
nenhum viés, nem de redução
nem de elevação da taxa. Mas o
presidente da instituição enfatizou que o banco, como já disse o
Federal Reserve, não havia exaurido seu "espaço de manobra".
O presidente do BCE disse que a
decisão de cortar os juros tinha
base em previsões da equipe interna da instituição, que serão publicadas na semana que vem, e
que as projeções de crescimento e
de inflação do BCE haviam sido
substancialmente reduzidas.
Duisenberg afirmou que a projeção do BCE para a inflação da
zona do euro no ano que vem era
agora "significativamente inferior" à meta limite de 2% do banco para a estabilidade de preços. O
crescimento deve continuar lento,
mas se recuperará gradualmente
a partir do ano que vem, afirmou
o presidente do banco.
Crescimento tímido
O BCE deve reduzir sua projeção para o crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) da zona
do euro este ano de 1% para cerca
de 0,7% ou menos, depois que a
região praticamente se paralisou
no primeiro trimestre e mostrou
sinais de contração no segundo.
Os economistas dizem que o
BCE deixou as portas "completamente abertas" a novos cortes, e
que os dados sobre a economia
continuam a ser decepcionantes.
"O BCE perdeu a fé em sua previsão sobre a recuperação econômica, que está sempre prestes a
chegar, mas nunca aparece", disse
Ken Wattret, economista do BNP
Paribas.
Holger Schmieding, economista do Bank of America, disse ser
provável que o BCE faça um novo
corte em setembro, porque a alta
do euro gera mais revisões sobre
as projeções de inflação e crescimento.
Deflação
Duisenberg relativizou os temores sobre deflação na zona do euro, dizendo que não se trata de um
conceito significativo para uma
união monetária. Mas economistas advertem que a deflação, uma
queda duradoura de preços, é um
risco sério na Alemanha e uma
ameaça para toda a região.
"Se houver deflação na Alemanha, que responde por um terço
da zona do euro, alguns dos países menores, como Holanda,
Áustria e Bélgica, também estarão
ameaçados", disse Gwynn Hache,
do HSBC.
Tradução de Paulo Migliacci
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