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Presidente do BNDES quer fundo para petróleo do país
Coutinho sugere a criação de mecanismo nos moldes do existente na Noruega
Recursos seriam usados
em obras de infra-estrutura;
presidente do banco também
defende reformulação
na divisão dos royalties
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, defendeu
ontem a reformulação das normas de divisão do dinheiro obtido com o petróleo no país. Em
"proposta preliminar", sugeriu
mudar a "calibragem" dos royalties e a criação de um fundo,
a exemplo de outros países.
"Creio que a construção de
um fundo intergeracional de riqueza como a Noruega tem, e
grandes países que têm grandes
riquezas naturais, deva ser pensada", disse Coutinho, em entrevista após reunião do CDES
(Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
A idéia do fundo teria base
nas recentes descobertas de reservas de petróleo de enorme
potencial na chamada camada
pré-sal. "Dado o tamanho potencial dessa reserva do pré-sal,
devemos refletir sobre como
usar esses recursos, e não apenas para a geração atual, mas
também olhando para futuras
gerações", afirmou.
Royalties
Também sem dar detalhes,
Coutinho propôs mudanças na
forma de cálculo e nos valores
de royalties, que hoje variam de
5% a 10%. A participação de governos estaduais nos royalties
alimenta uma disputa entre
Rio e São Paulo sobre o gigante
campo de Tupi. "É preciso ter
royalties, sim, mas a calibragem precisa ser mudada", disse.
Em abril, o Tesouro Nacional
apurou R$ 13,12 bilhões em antecipação de royalties.
O fundo da Noruega costuma
servir de exemplo de utilização
moderna da renda obtida com
riquezas minerais. Todo ano, os
recursos do petróleo extraído
do mar do Norte auxiliam o fechamento das contas nacionais
e o que sobra é usado para pagamento de pensões a idosos. No
Brasil, Coutinho sugeriu o uso
em iniciativas do governo, como obras de infra-estrutura.
Coutinho também afirmou
ontem que a elevação da taxa
básica de juros da economia
(Selic) para 12,25%, pelo Banco
Central, cria uma pressão
maior por recursos do BNDES,
levando o banco a precisar de
mais fontes de financiamento.
"O BNDES está sobrecarregado de demandas e tende a
atendê-la, mas o aumento da
Selic adia a aproximação das taxas de mercado com a TJLP
[Taxa de Juros de Longo Prazo,
usada pelo banco, hoje em
6,25%], e isso sobrecarrega o
banco. Precisamos de reforço
no "funding'", apontou.
Segundo o presidente do
BNDES, seriam necessários recursos de cerca de R$ 90 bilhões até 2010, que ele espera
obter em negociações com o
Ministério da Fazenda, no exterior, pela carteira de participações em empresas e outros
mecanismos ainda em estudo.
O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto
anteontem, o segundo aumento consecutivo, diante de pressões inflacionárias causadas
pelos alimentos, pelo petróleo e
pelas commodities metálicas.
Para Coutinho, porém, a ação
do BC não vai interromper os
investimentos.
"Não creio que o atual ciclo
de subida de juros possa desarmar o ciclo de investimento
produtivo da economia, tal como aconteceu de 2004 para
2005. Desta vez, o ciclo de investimento produtivo vai se
manter firme e vamos ultrapassar essas pressões inflacionárias", avaliou.
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