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Leite tem aumento recorde e pressiona inflação dos pobres
Entressafra e frio diminuem a produção e encarecem o produto em 20% no ano
Alimentos como carne, arroz, feijão e derivados de trigo, em contrapartida, devem ficar mais baratos a partir dos próximos meses
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pressionado especialmente
pela entressafra, o leite disparou e já subiu 20,20% de janeiro a maio, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). É a
maior alta para tal período do
ano desde 1996 (21,39%).
Em maio, a alta foi de 10,36%,
de acordo com dados do IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor), pesquisado em sete capitais e que capta o custo de vida de famílias com renda de 1 a
33 salários mínimos.
Para os de renda mais baixa,
o produto também subiu com
força. No IPC-C1 (Índice de
Preços ao Consumidor - Classe
1), que mede a inflação das famílias de 1 a 2,5 salários mínimos, o leite aumentou 9,58%
em maio. No ano, 20,78%.
O aumento do leite minimizou o efeito da queda dos preços dos outros alimentos e sustentou, ao lado do reajuste de
tarifas, a inflação de maio do
IPC-C1. O índice subiu 0,69%
em maio, variação apenas um
pouco menor do que a registrada em abril (0,73%).
Com o reajuste das tarifas de
energia e água e esgoto em Salvador, o IPC-C1 praticamente
se manteve, apesar da queda de
0,08% dos preços do grupo alimentação em maio.
Para André Braz, economista
da FGV, o leite sobe especialmente na esteira da entressafra
e do frio mais intenso.
É que o frio e a estiagem secam os pastos. Sem o tradicional capim disponível, os pecuaristas têm de recorrer a rações à
base de grãos, mais caras.
O gasto adicional é repassado
para o preço do leite, cujo litro
do tipo longa vida chega a custar atualmente quase R$ 3 nos
supermercados da zona sul do
Rio. No começo do ano, saía
cerca de R$ 2.
Para outros alimentos da cesta básica, no entanto, a perspectiva é de desaceleração nos
próximos meses. Na esteira da
retração das commodities, trigo e derivados (massas, pães,
biscoitos, entre outros) devem
ceder de preço.
Há também uma tendência
de desaceleração das carnes, do
arroz e do feijão.
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