São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Leite tem aumento recorde e pressiona inflação dos pobres

Entressafra e frio diminuem a produção e encarecem o produto em 20% no ano

Alimentos como carne, arroz, feijão e derivados de trigo, em contrapartida, devem ficar mais baratos a partir dos próximos meses


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionado especialmente pela entressafra, o leite disparou e já subiu 20,20% de janeiro a maio, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). É a maior alta para tal período do ano desde 1996 (21,39%).
Em maio, a alta foi de 10,36%, de acordo com dados do IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor), pesquisado em sete capitais e que capta o custo de vida de famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos.
Para os de renda mais baixa, o produto também subiu com força. No IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1), que mede a inflação das famílias de 1 a 2,5 salários mínimos, o leite aumentou 9,58% em maio. No ano, 20,78%.
O aumento do leite minimizou o efeito da queda dos preços dos outros alimentos e sustentou, ao lado do reajuste de tarifas, a inflação de maio do IPC-C1. O índice subiu 0,69% em maio, variação apenas um pouco menor do que a registrada em abril (0,73%).
Com o reajuste das tarifas de energia e água e esgoto em Salvador, o IPC-C1 praticamente se manteve, apesar da queda de 0,08% dos preços do grupo alimentação em maio.
Para André Braz, economista da FGV, o leite sobe especialmente na esteira da entressafra e do frio mais intenso.
É que o frio e a estiagem secam os pastos. Sem o tradicional capim disponível, os pecuaristas têm de recorrer a rações à base de grãos, mais caras.
O gasto adicional é repassado para o preço do leite, cujo litro do tipo longa vida chega a custar atualmente quase R$ 3 nos supermercados da zona sul do Rio. No começo do ano, saía cerca de R$ 2.
Para outros alimentos da cesta básica, no entanto, a perspectiva é de desaceleração nos próximos meses. Na esteira da retração das commodities, trigo e derivados (massas, pães, biscoitos, entre outros) devem ceder de preço.
Há também uma tendência de desaceleração das carnes, do arroz e do feijão.


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