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POLÍTICA INDUSTRIAL
Mobilização da indústria nacional impediu o avanço de fabricantes asiáticos de DVDs, TVs e videocassetes
Pressão "represou" projetos na gestão FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante a era FHC (1995 a
2002), a mobilização dos empresários brasileiros- notadamente
do setor de DVD, TVs e videocassetes- contribuiu para impedir o
avanço da liberação de projetos
de empresas asiáticas na Zona
Franca.
No final da gestão anterior, esses projetos ficaram ""adequadamente represados", segundo um
representante do setor. Mas, ao
assumir, o governo Lula tomou
caminho contrário: na primeira
reunião do Conselho da Suframa,
em 29 de abril, autorizou que duas
empresas ampliassem ou implantassem a produção de DVDs.
Em 20 de dezembro, a CCE enviou ao Ministério do Desenvolvimento documento no qual defendia que o governo ""orientasse" a
Suframa a não aprovar novos
projetos destinados à fabricação
de produtos cuja capacidade instalada no país superasse em duas
vezes a demanda e que apresentem perfil de ""alta concorrência".
Usava como exemplo o segmento de TV. Segundo a CCE, são
11 os concorrentes nesse mercado
no Brasil, com capacidade instalada para produzir 11 milhões de
aparelhos ano. Mas a demanda
não supera os 4,5 milhões.
No mesmo documento, pedia
que o governo proibisse a importação de blocos montados de mecanismos de CDs e DVDs. Sustentou que tal medida permitiria ao
país poupar divisas e que o próprio ministério que fixara, em
portaria, prazos para que empresas se adequassem às normas de
nacionalização em Manaus.
A grita da CCE -e de outros fabricantes- tinha destino: os asiáticos. Uma dessas empresas, a chinesa SVA (Shangai Video e Audio), havia feito um acordo com a
Flex, uma das ""montadoras" instaladas em Manaus. Em agosto de
2002, iniciara a produção de
DVDs no Brasil. A SVA partiu para o ganho de mercado, com um
produto cujo modelo mais barato
custa R$ 400, ante os R$ 465 do
modelo mais simples da Gradiente, que detém a maior fatia entre
as brasileiras -em dez meses, de
acordo com Márcio Cabral, diretor de marketing da SVA, a marca
vendeu 280 mil aparelhos. A previsão é fechar 2003 com 400 mil.
Fundada em 1967, a Importadora e Exportadora Jimmy até meados dos anos 90 atuava no comércio de pau-rosa e castanha-do-pará. Com as restrições ambientalistas à atividade extrativista, a empresa decidiu converter-se em
importadora de eletroeletrônicos.
Em abril de 2002, encaminhou
processo para a instalação de uma
fábrica de rádios com CD player.
O projeto foi aprovado em abril.
Galpões da antiga manufatura de
castanha estão em reformas para
abrigar a linha de montagem da
marca Diplomat, de Hong Kong.
Para a próxima reunião do Conselho da Suframa, prevista para
este mês, poderá constar da pauta
do conselho um projeto de diversificação e ampliação da chinesa
Proview da Amazônia. A empresa, que hoje fabrica monitores de
vídeo, pretende instalar uma linha de produção de DVDs.
""Não há sentido em aprovar
projetos que não vão agregar nenhum valor novo. Aprovar projetos em segmentos maduros, como o de TVs, em que claramente
existe concorrência", diz Synésio
Batista, vice-presidente de Relações Institucionais da CCE. ""Se
estivéssemos falando de entrada
de alta tecnologia, de TVs com tela de plasma. Não é isso, será apenas mais um "player". Que sentido
há em aprovar projeto de video-cassete? Para quem vão vender?"
Não é uma referência neutra:
um dos projetos aprovados também em abril foi apresentado pela
Dolly da Amazônia: uma linha de
produção de videocassetes com
tecnologia é da Funai Eletronic
Co., de Cingapura.
(CC E JAD)
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