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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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POLÍTICA INDUSTRIAL

Mobilização da indústria nacional impediu o avanço de fabricantes asiáticos de DVDs, TVs e videocassetes

Pressão "represou" projetos na gestão FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

Durante a era FHC (1995 a 2002), a mobilização dos empresários brasileiros- notadamente do setor de DVD, TVs e videocassetes- contribuiu para impedir o avanço da liberação de projetos de empresas asiáticas na Zona Franca.
No final da gestão anterior, esses projetos ficaram ""adequadamente represados", segundo um representante do setor. Mas, ao assumir, o governo Lula tomou caminho contrário: na primeira reunião do Conselho da Suframa, em 29 de abril, autorizou que duas empresas ampliassem ou implantassem a produção de DVDs.
Em 20 de dezembro, a CCE enviou ao Ministério do Desenvolvimento documento no qual defendia que o governo ""orientasse" a Suframa a não aprovar novos projetos destinados à fabricação de produtos cuja capacidade instalada no país superasse em duas vezes a demanda e que apresentem perfil de ""alta concorrência".
Usava como exemplo o segmento de TV. Segundo a CCE, são 11 os concorrentes nesse mercado no Brasil, com capacidade instalada para produzir 11 milhões de aparelhos ano. Mas a demanda não supera os 4,5 milhões.
No mesmo documento, pedia que o governo proibisse a importação de blocos montados de mecanismos de CDs e DVDs. Sustentou que tal medida permitiria ao país poupar divisas e que o próprio ministério que fixara, em portaria, prazos para que empresas se adequassem às normas de nacionalização em Manaus.
A grita da CCE -e de outros fabricantes- tinha destino: os asiáticos. Uma dessas empresas, a chinesa SVA (Shangai Video e Audio), havia feito um acordo com a Flex, uma das ""montadoras" instaladas em Manaus. Em agosto de 2002, iniciara a produção de DVDs no Brasil. A SVA partiu para o ganho de mercado, com um produto cujo modelo mais barato custa R$ 400, ante os R$ 465 do modelo mais simples da Gradiente, que detém a maior fatia entre as brasileiras -em dez meses, de acordo com Márcio Cabral, diretor de marketing da SVA, a marca vendeu 280 mil aparelhos. A previsão é fechar 2003 com 400 mil.
Fundada em 1967, a Importadora e Exportadora Jimmy até meados dos anos 90 atuava no comércio de pau-rosa e castanha-do-pará. Com as restrições ambientalistas à atividade extrativista, a empresa decidiu converter-se em importadora de eletroeletrônicos. Em abril de 2002, encaminhou processo para a instalação de uma fábrica de rádios com CD player.
O projeto foi aprovado em abril. Galpões da antiga manufatura de castanha estão em reformas para abrigar a linha de montagem da marca Diplomat, de Hong Kong.
Para a próxima reunião do Conselho da Suframa, prevista para este mês, poderá constar da pauta do conselho um projeto de diversificação e ampliação da chinesa Proview da Amazônia. A empresa, que hoje fabrica monitores de vídeo, pretende instalar uma linha de produção de DVDs.
""Não há sentido em aprovar projetos que não vão agregar nenhum valor novo. Aprovar projetos em segmentos maduros, como o de TVs, em que claramente existe concorrência", diz Synésio Batista, vice-presidente de Relações Institucionais da CCE. ""Se estivéssemos falando de entrada de alta tecnologia, de TVs com tela de plasma. Não é isso, será apenas mais um "player". Que sentido há em aprovar projeto de video-cassete? Para quem vão vender?"
Não é uma referência neutra: um dos projetos aprovados também em abril foi apresentado pela Dolly da Amazônia: uma linha de produção de videocassetes com tecnologia é da Funai Eletronic Co., de Cingapura. (CC E JAD)



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