São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Saldo de investimento estrangeiro na Bovespa em junho fica negativo pela primeira vez desde 2003

Investidor externo saca recursos da Bolsa

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da valorização de 8,2%, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou em junho fuga de recursos estrangeiros pela primeira vez desde maio de 2003. No mês passado, as vendas de ações com capital estrangeiro superaram as compras em R$ 571,3 milhões.
Desde julho de 2002, período em que o mercado vivia um período de turbulência devido à proximidade das eleições presidenciais, esse resultado não era tão negativo em um mês. Esse saldo é resultado de um volume de vendas de R$ 6,294 bilhões e de compras de R$ 5,723 bilhões feitas pelos estrangeiros no mês.
Mas analistas afirmam que o pior momento já passou e investidores estrangeiros começaram a voltar a comprar papéis na Bovespa com maior interesse nos pregões dos últimos dias.
"Na primeira quinzena de junho, o fluxo de investimentos estrangeiros estava mais negativo que no restante do mês. Nesse período, ainda não estava tão claro o que o Fed [banco central dos EUA] faria com os juros americanos", afirma Carlos Camacho, gestor da Gap Asset Management.
Na quarta-feira passada, o Fed anunciou a elevação dos juros dos EUA de 1% para 1,25% ao ano -a primeira em quatro anos. A decisão foi bem digerida pelo mercado, especialmente os emergentes. Se a taxa de juros americana tivesse sido aumentada acima disso, os emergentes poderiam seguir perdendo recursos.
É que os investidores poderiam preferir sair de papéis de emergentes e migrar para títulos americanos, que passariam a pagar juros maiores e são considerados aplicações mais seguras.

Menos turbulência
Nesse cenário de menor turbulência, a expectativa é que os recursos estrangeiros voltem para a Bolsa. No caso dos papéis da dívida brasileira, esse movimento já foi sentido. Na semana passada, os C-Bonds, títulos da dívida do Brasil negociados no exterior, registraram valorização de 3,25%.
Mesmo com a saída de recursos de junho, o balanço do ano é positivo: em 2004, o saldo de investimento estrangeiro está positivo em R$ 2,16 bilhões. No acumulado de 2003, esse balanço ficou positivo em R$ 7,4 bilhões.
Os investidores estrangeiros foram autorizados a negociar na Bovespa em 1991. Atualmente, segundo estimativa do mercado, há aproximadamente 7.500 investidores estrangeiros movimentando ações na Bolsa paulista.
Na opinião de analistas do mercado financeiro, a participação dos estrangeiros é fundamental para a Bovespa ter resultados positivos. "Para recomendarmos investimentos na Bolsa neste momento, dependemos da confirmação de que o mercado está com fluxo mais consistente, mais forte", diz Camacho.

Pequenos
A participação do investidor pessoa física caiu no mês, considerando o percentual no volume total de negócios. Em junho, os negócios de investidor pessoa física representaram 25,3% do total, contra 25,8% no mês anterior. Em março, esse percentual foi de 29,2% -desde esse mês, porém, tem recuado.
O volume médio diário de negócios na Bolsa em junho ficou em R$ 1,053 bilhão, resultado um pouco abaixo da média diária do ano (R$ 1,163 bilhão).
A ação mais negociada em junho na Bolsa paulista foi a preferencial da Telemar, com R$ 2,46 bilhões. Em seguida, ficou a ação preferencial da Petrobras, com R$ 1,99 bilhão.


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