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MERCADO FINANCEIRO
Saldo de investimento estrangeiro na Bovespa em junho fica negativo pela primeira vez desde 2003
Investidor externo saca recursos da Bolsa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da valorização de 8,2%,
a Bolsa de Valores de São Paulo
registrou em junho fuga de recursos estrangeiros pela primeira vez
desde maio de 2003. No mês passado, as vendas de ações com capital estrangeiro superaram as
compras em R$ 571,3 milhões.
Desde julho de 2002, período
em que o mercado vivia um período de turbulência devido à
proximidade das eleições presidenciais, esse resultado não era
tão negativo em um mês. Esse saldo é resultado de um volume de
vendas de R$ 6,294 bilhões e de
compras de R$ 5,723 bilhões feitas
pelos estrangeiros no mês.
Mas analistas afirmam que o
pior momento já passou e investidores estrangeiros começaram a
voltar a comprar papéis na Bovespa com maior interesse nos pregões dos últimos dias.
"Na primeira quinzena de junho, o fluxo de investimentos estrangeiros estava mais negativo
que no restante do mês. Nesse período, ainda não estava tão claro o
que o Fed [banco central dos
EUA] faria com os juros americanos", afirma Carlos Camacho,
gestor da Gap Asset Management.
Na quarta-feira passada, o Fed
anunciou a elevação dos juros dos
EUA de 1% para 1,25% ao ano -a
primeira em quatro anos. A decisão foi bem digerida pelo mercado, especialmente os emergentes.
Se a taxa de juros americana tivesse sido aumentada acima disso, os
emergentes poderiam seguir perdendo recursos.
É que os investidores poderiam
preferir sair de papéis de emergentes e migrar para títulos americanos, que passariam a pagar juros maiores e são considerados
aplicações mais seguras.
Menos turbulência
Nesse cenário de menor turbulência, a expectativa é que os recursos estrangeiros voltem para a
Bolsa. No caso dos papéis da dívida brasileira, esse movimento já
foi sentido. Na semana passada,
os C-Bonds, títulos da dívida do
Brasil negociados no exterior, registraram valorização de 3,25%.
Mesmo com a saída de recursos
de junho, o balanço do ano é positivo: em 2004, o saldo de investimento estrangeiro está positivo
em R$ 2,16 bilhões. No acumulado de 2003, esse balanço ficou positivo em R$ 7,4 bilhões.
Os investidores estrangeiros foram autorizados a negociar na
Bovespa em 1991. Atualmente, segundo estimativa do mercado, há
aproximadamente 7.500 investidores estrangeiros movimentando ações na Bolsa paulista.
Na opinião de analistas do mercado financeiro, a participação
dos estrangeiros é fundamental
para a Bovespa ter resultados positivos. "Para recomendarmos investimentos na Bolsa neste momento, dependemos da confirmação de que o mercado está
com fluxo mais consistente, mais
forte", diz Camacho.
Pequenos
A participação do investidor
pessoa física caiu no mês, considerando o percentual no volume
total de negócios. Em junho, os
negócios de investidor pessoa física representaram 25,3% do total,
contra 25,8% no mês anterior. Em
março, esse percentual foi de
29,2% -desde esse mês, porém,
tem recuado.
O volume médio diário de negócios na Bolsa em junho ficou
em R$ 1,053 bilhão, resultado um
pouco abaixo da média diária do
ano (R$ 1,163 bilhão).
A ação mais negociada em junho na Bolsa paulista foi a preferencial da Telemar, com R$ 2,46
bilhões. Em seguida, ficou a ação
preferencial da Petrobras, com R$
1,99 bilhão.
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