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SISTEMA FINANCEIRO
Acusados de irregularidades, funcionários da CEF são demitidos
Fraude em banco pode superar R$ 5 mi
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fraudes praticadas por funcionários da CEF (Caixa Econômica
Federal) causaram um prejuízo
de pelo menos R$ 5 milhões ao
banco. Envolvem saques feitos à
revelia de correntistas e a concessão de empréstimos irregulares.
A Folha teve acesso a processos
relativos a 11 fraudes. Foram praticadas entre 1994 e 1999. Mas só
chegaram ao conhecimento do
TCU (Tribunal de Contas da
União) entre 2002 e 2003. Em seus
julgamentos, o tribunal atestou as
fraudes. Condenou os responsáveis à devolução dos R$ 5 milhões
(corrigidos monetariamente) e ao
pagamento de multas que variam
de R$ 15 mil a R$ 50 mil.
Os funcionários, já demitidos
da CEF, ainda podem recorrer.
Ocupavam à época das fraudes
cargos de gerentes, caixas-executivos e escriturários. Além do
TCU, também a Polícia Federal e,
em alguns casos, o Ministério Público se ocupam das fraudes.
A irregularidade mais expressiva resultou em prejuízo de R$
2,066 milhões, incluindo juros e
correção até dezembro de 2003.
Foi praticada, de acordo com o
processo, por Washington Luiz
Guedes Coelho. Era gerente-geral
de uma agência em Manaus
(AM). Concedeu a si mesmo e a
terceiros nove empréstimos. Sem
garantias e "sem observância de
princípios e normas básicas indispensáveis à realização de operações bancárias".
Convocado a defender-se perante o TCU, Guedes Coelho não
apareceu. Foi condenado à revelia
no último dia 30 de março. Antes,
a CEF já havia recorrido à Justiça.
Chegou-se a decretar sua prisão.
Tenta-se recuperar judicialmente
os valores. A Folha não conseguiu
localizá-lo.
Em outra fraude, o então escriturário Pedro Paulo de Miranda,
lotado em Caeté (MG), efetuou 15
saques em contas de correntistas
da agência em que trabalhava. Em
valores atualizados, produziu um
prejuízo de R$ 984 mil. O TCU
considerou-o culpado em 27 de
março. Assim que foi descoberta
a infração, a CEF viu-se forçada a
restituir o dinheiro desviado aos
correntistas. Embora a subtração
ilegal de dinheiro tenha ocorrido
em 1997, até hoje a CEF não conseguiu reaver o montante. Paulo
de Miranda está sendo processado na Justiça Federal pelo crime
de peculato. A Folha também não
conseguiu encontrá-lo.
Ouvido por uma comissão de
auditoria interna da CEF, o ex-escriturário reconheceu ter efetuado os saques indevidos. Alegou
que foi motivado pela necessidade de cobrir dívidas de outros
clientes, aos quais concedera empréstimos em confiança, que, segundo ele, não foram honrados.
Um outro funcionário da CEF
lotado em Minas Gerais, dessa vez
em Lambari, efetuou quatro saques irregulares. Chama-se Ítalo
Antônio Giovannini. Em cifras
atualizadas, causou prejuízo de
R$ 350 mil. Ao notarem o sumiço
do dinheiro, os correntistas lesados cobraram explicações. O funcionário alegava que havia perdido dinheiro em aplicações financeiras malsucedidas.
Para "comprovar" o que dizia,
apresentava "extratos" bancários
forjados. De novo, a CEF teve de
ressarcir os seus clientes. E, novamente, ainda não recuperou o dinheiro. A CEF comunicou o caso,
ocorrido em 1999, à Polícia Federal. O TCU oficiou ao Ministério
Público. Ouvido em sindicância,
Giovannini não negou os saques
atribuídos a ele. Alegou que teriam sido efetuados mediante autorização verbal dos correntistas.
O TCU o condenou no dia 25 de
março. A Folha não o localizou.
As outras irregularidades dos 11
processos manuseados pela reportagem ocorreram em Assis
Chateaubriand (PR), Belo Horizonte (MG), Ituporanga (SC), Caraguatatuba (SP), Pompeu (MG),
Eunápolis (BA), Cambé (PR) e
Maravilha (SC).
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