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BARRIL DE PÓLVORA
Petróleo caro pode levar BC a aumentar a a taxa de juro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta internacional do petróleo,
caso não se inverta e seja integralmente repassada aos preços internos dos combustíveis, deve ter
impacto próximo de um ponto
percentual na inflação -e, como
as estimativas para o IPCA já superam as metas oficiais, o Banco
Central pode ser obrigado a elevar
os juros nesse caso.
De acordo com projeções de inflação feitas pelo BC, esperava-se
que a cotação do barril do petróleo se estabilizasse entre US$ 30 e
US$ 35 -o que afastaria a possibilidade de novos reajustes para a
gasolina neste ano. Nos últimos
dias, porém, o preço se aproximou dos US$ 45.
Nas contas feitas pela consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), se mantidas as cotações atuais, seria necessário um
aumento de 20% no preço da gasolina para equipará-lo ao preço
praticado no mercado internacional. Esse reajuste teria um impacto de aproximadamente 0,95 ponto percentual no IPCA.
Logo, o reajuste dos combustíveis pode ser o fator decisivo no
cumprimento da meta de inflação
deste ano. O objetivo do BC é
manter a alta do IPCA em 5,5%,
admitindo-se, porém, um desvio
de até 2,5 pontos percentuais desse índice -ou seja, a inflação não
poderia ser maior do que 8%.
Pelas estimativas atuais, espera-se que a inflação deste ano, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), fique em
torno de 7%. Esse cálculo, porém,
não embute nova alta da gasolina.
Ao perceber que a inflação está
se distanciando das metas, o BC
tende a elevar os juros, conforme
dizia a ata da última reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária do BC), divulgada na semana passada.
"A autoridade monetária reitera
que estará pronta para adotar
uma postura mais ativa, caso venha a se consolidar um cenário de
divergência entre a inflação projetada e a trajetória das metas", dizia o documento.
Ainda há a expectativa, porém,
de que a cotação do petróleo caia
nos próximos meses, o que aliviaria um pouco as pressões inflacionárias. Ainda que isso não ocorra,
porém, a Petrobras poderia agir
para minimizar os efeitos que um
reajuste teria sobre a inflação.
Reajuste parcelado
Uma possibilidade seria parcelar o reajuste e deixar parte do aumento para 2005, o que favoreceria o cumprimento da meta de inflação deste ano. O problema é
que, mesmo para 2005, é cada vez
maior a preocupação do BC com
o comportamento dos preços.
A meta do ano que vem foi fixada em 4,5%, também com uma
margem de 2,5 pontos percentuais. Segundo projeções feitas
por analistas de mercado, a inflação de 2005 deve ficar em 5,5%.
No mês passado, o BC citou "as
perspectivas para a trajetória da
inflação em 2004 e 2005" como
motivos para que os juros fossem
mantidos em 16% ao ano, mesmo
patamar em que se encontram
desde abril.
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