São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Petróleo caro pode levar BC a aumentar a a taxa de juro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta internacional do petróleo, caso não se inverta e seja integralmente repassada aos preços internos dos combustíveis, deve ter impacto próximo de um ponto percentual na inflação -e, como as estimativas para o IPCA já superam as metas oficiais, o Banco Central pode ser obrigado a elevar os juros nesse caso.
De acordo com projeções de inflação feitas pelo BC, esperava-se que a cotação do barril do petróleo se estabilizasse entre US$ 30 e US$ 35 -o que afastaria a possibilidade de novos reajustes para a gasolina neste ano. Nos últimos dias, porém, o preço se aproximou dos US$ 45.
Nas contas feitas pela consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), se mantidas as cotações atuais, seria necessário um aumento de 20% no preço da gasolina para equipará-lo ao preço praticado no mercado internacional. Esse reajuste teria um impacto de aproximadamente 0,95 ponto percentual no IPCA.
Logo, o reajuste dos combustíveis pode ser o fator decisivo no cumprimento da meta de inflação deste ano. O objetivo do BC é manter a alta do IPCA em 5,5%, admitindo-se, porém, um desvio de até 2,5 pontos percentuais desse índice -ou seja, a inflação não poderia ser maior do que 8%.
Pelas estimativas atuais, espera-se que a inflação deste ano, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), fique em torno de 7%. Esse cálculo, porém, não embute nova alta da gasolina.
Ao perceber que a inflação está se distanciando das metas, o BC tende a elevar os juros, conforme dizia a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), divulgada na semana passada.
"A autoridade monetária reitera que estará pronta para adotar uma postura mais ativa, caso venha a se consolidar um cenário de divergência entre a inflação projetada e a trajetória das metas", dizia o documento.
Ainda há a expectativa, porém, de que a cotação do petróleo caia nos próximos meses, o que aliviaria um pouco as pressões inflacionárias. Ainda que isso não ocorra, porém, a Petrobras poderia agir para minimizar os efeitos que um reajuste teria sobre a inflação.

Reajuste parcelado
Uma possibilidade seria parcelar o reajuste e deixar parte do aumento para 2005, o que favoreceria o cumprimento da meta de inflação deste ano. O problema é que, mesmo para 2005, é cada vez maior a preocupação do BC com o comportamento dos preços.
A meta do ano que vem foi fixada em 4,5%, também com uma margem de 2,5 pontos percentuais. Segundo projeções feitas por analistas de mercado, a inflação de 2005 deve ficar em 5,5%.
No mês passado, o BC citou "as perspectivas para a trajetória da inflação em 2004 e 2005" como motivos para que os juros fossem mantidos em 16% ao ano, mesmo patamar em que se encontram desde abril.


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