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LUÍS NASSIF
O Pacto de Lisboa
Principal responsável pela
Agenda de Desenvolvimento da União Européia, a portuguesa Maria João apresentou
uma síntese brilhante de sua estratégia na reunião de ontem
do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
O primeiro passo consiste em
superar as dicotomias que costumam aprisionar as discussões
nacionais. Como a dicotomia
entre econômico e social, entre
produtividade e emprego, entre
política macroeconômica e desenvolvimento, entre fechamento e globalização.
A implantação da agenda européia passou por cinco fases.
Momento 1: definição da estratégia, o big-bang, que significa harmonizar o conhecimento
existente, identificar os atores
relevantes que tenham algo a
dizer e experiência a transmitir.
A questão-chave é definir apenas um objetivo estratégico, para evitar dispersão.
No caso da Agenda da Lisboa,
o objetivo definido foi criar uma
trajetória de desenvolvimento
sustentável, criando mais e melhores empregos, reduzindo a
desigualdade social com base
em uma economia competitiva
fundada na geração do conhecimento.
Para atingir o objetivo proposto, definiu-se uma lista restrita de prioridades. Há que ser
quatro, cinco prioridades no
máximo, ensina Maria João.
No caso da Agenda de Lisboa,
foram os seguintes:
a) foco no emprego. Mais e
melhores empregos, explorando
novas áreas de criação de emprego com criatividade e inovação;
b) novas políticas de inclusão
social, mais voltadas para equipar pessoas para se tornarem
ativas e de promoverem socialmente do que seguindo a lógica
compensatória;
c) construção de novos fatores
competitivos, mais baseados na
qualidade, na inovação, por
meio de um sistema nacional de
inovação;
d) definição de uma política
macroeconômica que possibilite
melhor articulação com crescimento na base de uma reforma
do sistema financeiro;
e) repensar a política de inclusão competitiva na economia
internacional.
Momento 2: consagração pública da estratégia. Os governos
nacionais precisam apresentar
o máximo de capacidade política e de mobilização da sociedade civil.
Momento 3: transformação
dos princípios em agenda, por
meio do desdobramento em
planos para políticas setoriais.
No caso do pacto europeu, foram definidas políticas para 11
setores, desde emprego, reforma
da Previdência Social, tecnologia etc.
Simultaneamente foram
identificadas medidas concretas e indicadores de acompanhamento, como indicadores de
progressão do desenvolvimento:
de emprego, de qualificação, de
nível de proteção social, de redução da pobreza etc.
Momento 4: a implementação da política. A grande preocupação é a adaptação da política a cada região e local, com
envolvimento dos atores mais
relevantes.
Há uma especial atenção para
o desenvolvimento regional,
sem a visão compensatória. Cada região tem que traduzir para
ela a estratégia que o país adotou para si.
Momento 5: o monitoramento, verificar constantemente o
que está acontecendo, corrigindo a trajetória, aprendendo uns
com os outros, de forma que os
casos de sucesso se difundam rapidamente.
O papel de um organismo tipo
CDES seria a capacidade de sentir a pulsação da sociedade civil,
ajudando na implementação da
estratégia de forma adaptada a
cada região.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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