São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Analistas prevêem queda de taxa de fundos

Para especialistas, fundos de investimento cortarão porcentagem de administração para continuar atrativos em relação à poupança

Queda de juros aproximou o rendimento líquido das duas aplicações, mas DI perde com a cobrança de Imposto de Renda e taxas de até 4%

DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de investimento estão ficando menos atraentes do que a poupança. Com a queda da taxa básica, a Selic, a rentabilidade líquida dos fundos está próxima -em alguns casos chega a ser inferior- à oferecida pela caderneta de poupança.
Para evitar perdas, as instituições financeiras terão de cortar as taxas de administração cobradas de quem investe nesse tipo de fundo. É o que afirmam analistas financeiros.
Um estudo feito pelo matemático José Dutra Vieira Sobrinho mostra que, se um fundo pagar uma taxa bruta de 11,5% ao ano -perto do que acontece atualmente-, a taxa de administração não deveria ser maior que 1,5%. O cálculo considera a cobrança hipotética de 20% de IR (Imposto de Renda).
Para juros de 10% e 9,5%, a taxa de administração não deveria ultrapassar 1% e 0,5%, respectivamente. Só assim os fundos seriam mais interessantes do que a poupança.
Mas a realidade é outra. Especialmente nos fundos de varejo, a taxa de administração chega a 4%. "Cada vez mais o investidor deve estar atento a essas taxas", diz o matemático José Dutra Vieira Sobrinho. "Há fundos que, pela taxa cobrada, dão rendimento líquido menor que o da poupança."
Como a rentabilidade oferecida pelos fundos está mais próxima à da poupança, itens como a cobrança de IR e de taxas de administração pesam mais na hora de decidir onde alocar as economias. A poupança é isenta de Imposto de Renda e de taxa de administração.
Desde o último trimestre do ano passado, dezenas de fundos de investimento começaram a sofrer com essa nova realidade. O resultado dessa mudança é, de um lado, a acelerada saída de dinheiro dos fundos DI e, de outro, a captação recorde de recursos da poupança.
Em 2007, os fundos DI -que pagam taxas de juros aos investidores- registram resgates líquidos de R$ 12,59 bilhões, como mostra levantamento realizado pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Essa é a categoria de fundos que mais teve resgates neste ano.
A poupança registra captação líquida positiva -diferença entre saques e aplicações- de R$ 11,4 bilhões no ano, segundo o BC (Banco Central).
O investidor também não deve se esquecer da tabela regressiva de cobrança de IR que incide sobre os fundos de investimento. O imposto cobrado é maior aos que optam por sacar suas aplicações antes de completarem dois anos.
Quem resgata suas aplicações em até seis meses paga uma alíquota de 22,5%; para os investimentos movimentados entre seis meses e um ano, a alíquota é de 20%; entre um e dois anos, ela é de 17,5%.
Somente quem mantém seus recursos no fundo por dois anos ou mais paga a alíquota mínima de 15%.

Novo cálculo
Há pouco mais de duas semanas, o Banco Central anunciou novas regras para o cálculo da rentabilidade da poupança quando os juros básicos recuarem para níveis mais baixos.
Quando a TBF (uma média de juros que influi na TR, que, por sua vez, corrige a poupança) atingir os 10,5% -hoje está em torno de 11,2%- , a nova regra fará com que a rentabilidade da caderneta não caia tanto quanto cairia se o BC não tivesse anunciado a medida.
Dessa forma, enquanto a rentabilidade dos fundos estará encolhendo de acordo com o recuo da Selic, o retorno da poupança diminuirá de forma mais branda, acirrando a concorrência. (FABRICIO VIEIRA)


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