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Lula deve vetar crédito de IPI a exportador
Deputados aprovam compensação de R$ 20 bilhões para empresas inscritas na dívida ativa da União quitarem débitos
Equipe econômica avalia
que momento de crise, com queda na arrecadação, é ruim para liberar crédito-prêmio, que está sob análise do STF
SHEILA D'AMORIM
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de muita negociação
e quase cinco horas de discussão, os deputados autorizaram
ontem a compensação de dívidas de empresas exportadoras
junto à União com créditos antigos de IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados).
Mas diante da resistência da
equipe econômica, que é contra
a medida, a tendência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
é vetar o benefício aos exportadores.
Por telefone, Lula conversou
ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estava em Washington, mas voltou a manifestar discordância
com o acordo fechado pelo governo no Senado e mantido ontem pelos deputados com 206
votos a favor e 162 contra. Os
deputados do PT se dividiram:
16 favor e 59 contra.
A equipe econômica avalia
que, com a queda da arrecadação de impostos neste ano e o
aumento dos gastos públicos,
seria um erro legalizar um benefício que está sob dúvida judicial e poderá ser definido pelo
STF (Supremo Tribunal Federal) na próxima semana. Se o
Judiciário autorizar o crédito, o
governo terá de concordar.
A decisão do Congresso é um
passo importante para encerrar uma briga que se arrasta
desde 1990 e também deverá
servir de referência para o julgamento de ações sobre o tema
em andamento no STF.
Embora vários deputados do
PT tenham votado contra, o
texto aprovado ontem foi negociado nos bastidores pelo deputado Antonio Palocci (PT-SP),
que, seguindo a orientação do
líder do partido, votou não.
Após a votação, lideranças do
PT falavam que seria preciso
negociar com o governo o que
poderia ser vetado por Lula.
Quando a proposta foi analisada no Senado, contou com o
apoio do PT na Casa e, apesar
da oposição da equipe econômica, o assunto foi discutido
também com a PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional) e empresários.
Representante da Fiesp nas
negociações com o governo e o
Congresso, Roberto Giannetti
da Fonseca, diretor da entidade, disse ontem que não espera
veto de Lula. Segundo ele, foram feitas mudanças pontuais
pelos deputados, mas que não
alteram a essência da proposta.
Para ele, a atitude do PT, que
encaminhou votação contra a
proposta, "foi defensiva" devido ao efeito que um acordo pode ter nas ações na Justiça.
Custo de R$ 20 bilhões
Pelo acerto costurado pela
base do governo, o chamado
crédito-prêmio de IPI, criado
em 1969, terá a validade reconhecida até dezembro de 2002,
e não 1990. Nos cálculos dos
empresários, isso significa que
cerca de R$ 20 bilhões em débitos dos exportadores inscritos
na dívida ativa da União poderão ser quitados com os créditos antigos de IPI.
O benefício, incluído no texto
da MP 460 durante tramitação
no Senado, sofreu algumas alterações. Foram retiradas a
possibilidade de os empresários terem restituição em dinheiro após a compensação final de débitos e créditos e também o item que esticava o prazo
de validade do crédito para
2004, caso a empresa não demitisse nenhum funcionário
no período de dois anos.
Pela redação final, caso haja
algum crédito a favor do exportador após a compensação final, ele poderá converter o valor em títulos públicos e, depois
de cinco anos, usar parte do saldo apenas para quitar novas dívidas com a Receita. Já o mecanismo que limitava a tributação
sobre o valor convertido em títulos à cobrança do IR (Imposto de Renda) saiu do texto.
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