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Empresas vêm ao Brasil em busca de acordos
DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA DÉLI
Depois dos chineses em
2004, o governo Lula negocia
agora uma parceria estratégica
com os indianos, que desembarcam no Brasil no dia 11 à
noite em busca de acordos de
cooperação, negócios e oportunidades de investimento.
A delegação liderada pelo
primeiro-ministro Manmohan
Singh será integrada por cerca
de 50 representantes do setor
empresarial, que protagoniza
um rápido processo de internacionalização de seu capital.
Nos primeiros seis meses do
ano, companhias indianas
compraram 76 empresas em
outros países, em operações
que somaram US$ 5,2 bilhões.
O valor é pouco inferior aos
US$ 5,5 bilhões que a Índia recebeu de investimentos estrangeiros diretos durante 2005.
Entre as aquisições, a maior
foi a compra de poços de petróleo no Brasil pela estatal ONGC
Videsh, por US$ 1,4 bilhão, segundo levantamento da FICCI
(Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia).
O setor petrolífero também
atraiu a Indo Australian Mine
Planning & Construction, que
ganhou direitos de exploração
no Brasil, país que será o mais
importante para a empresa fora da Índia.
A gerente-geral da companhia, Simran Bedi, disse que o
investimento em uma primeira
fase deve ser de US$ 1,5 bilhão,
mas o plano é chegar a US$ 18
bilhões no período de 15 anos.
A Índia importa 70% do petróleo que consome, fato que
tem impacto considerável em
sua balança comercial, especialmente com o preço do barril
a US$ 70. No ano passado, o
país teve déficit de US$ 42 bilhões em suas relações comerciais com o mundo, US$ 30 bilhões dos quais provocados pela compra de petróleo.
Nesse cenário, um dos principais interesses dos indianos é
a cooperação na área de etanol
para uso combustível.
A maior produtora de açúcar
da Índia, Bajaj Hindustan, tem
US$ 500 milhões em caixa para
investir nesse setor no Brasil.
Duas outras empresas, Rajsheru e Renuka, manifestaram interesse em realizar negócios no
país, afirmou o ex-cônsul-geral
da Índia em São Paulo R. Viswanathan, responsável por
América Latina no Ministério
das Relações Exteriores.
Agressividade
"As companhias indianas estão indo de maneira muito
agressiva para o Brasil", afirmou Viswanathan a um grupo
de jornalistas brasileiros. Ele
lembrou que o setor farmacêutico já realiza negócios no valor
de US$ 200 milhões anuais e
pretende ampliar esse volume
nos próximos anos.
Outras áreas de interesses
dos indianos incluem tecnologia da informação, agricultura e
ferrovias -a Vale do Rio Doce
analisa a compra de vagões do
país, que tem a segunda maior
malha ferroviária do mundo.
Livre comércio
Brasil, Índia e África do Sul
devem anunciar no dia 13, em
Brasília, a criação de um grupo
de trabalho para estudar a formação de uma área de livre comércio entre o Mercosul, o país
asiático e a união aduaneira do
sul da África (Sacu).
Os três países integram, desde 2003, o grupo conhecido como Ibas (Índia, Brasil e África
do Sul), criado com o objetivo
de facilitar o diálogo, intensificar a cooperação e promover a
troca de experiências.
Essa será a primeira reunião
de cúpula do grupo, com a presença do presidente Lula, Singh
e do presidente da África do
Sul, Thabo Mbeki.
(CT)
A jornalista CLÁUDIA TREVISAN viaja a convite do governo da Índia
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