São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Empresas vêm ao Brasil em busca de acordos

DA ENVIADA ESPECIAL A NOVA DÉLI

Depois dos chineses em 2004, o governo Lula negocia agora uma parceria estratégica com os indianos, que desembarcam no Brasil no dia 11 à noite em busca de acordos de cooperação, negócios e oportunidades de investimento.
A delegação liderada pelo primeiro-ministro Manmohan Singh será integrada por cerca de 50 representantes do setor empresarial, que protagoniza um rápido processo de internacionalização de seu capital. Nos primeiros seis meses do ano, companhias indianas compraram 76 empresas em outros países, em operações que somaram US$ 5,2 bilhões.
O valor é pouco inferior aos US$ 5,5 bilhões que a Índia recebeu de investimentos estrangeiros diretos durante 2005.
Entre as aquisições, a maior foi a compra de poços de petróleo no Brasil pela estatal ONGC Videsh, por US$ 1,4 bilhão, segundo levantamento da FICCI (Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia). O setor petrolífero também atraiu a Indo Australian Mine Planning & Construction, que ganhou direitos de exploração no Brasil, país que será o mais importante para a empresa fora da Índia.
A gerente-geral da companhia, Simran Bedi, disse que o investimento em uma primeira fase deve ser de US$ 1,5 bilhão, mas o plano é chegar a US$ 18 bilhões no período de 15 anos.
A Índia importa 70% do petróleo que consome, fato que tem impacto considerável em sua balança comercial, especialmente com o preço do barril a US$ 70. No ano passado, o país teve déficit de US$ 42 bilhões em suas relações comerciais com o mundo, US$ 30 bilhões dos quais provocados pela compra de petróleo. Nesse cenário, um dos principais interesses dos indianos é a cooperação na área de etanol para uso combustível.
A maior produtora de açúcar da Índia, Bajaj Hindustan, tem US$ 500 milhões em caixa para investir nesse setor no Brasil. Duas outras empresas, Rajsheru e Renuka, manifestaram interesse em realizar negócios no país, afirmou o ex-cônsul-geral da Índia em São Paulo R. Viswanathan, responsável por América Latina no Ministério das Relações Exteriores.

Agressividade
"As companhias indianas estão indo de maneira muito agressiva para o Brasil", afirmou Viswanathan a um grupo de jornalistas brasileiros. Ele lembrou que o setor farmacêutico já realiza negócios no valor de US$ 200 milhões anuais e pretende ampliar esse volume nos próximos anos.
Outras áreas de interesses dos indianos incluem tecnologia da informação, agricultura e ferrovias -a Vale do Rio Doce analisa a compra de vagões do país, que tem a segunda maior malha ferroviária do mundo.

Livre comércio
Brasil, Índia e África do Sul devem anunciar no dia 13, em Brasília, a criação de um grupo de trabalho para estudar a formação de uma área de livre comércio entre o Mercosul, o país asiático e a união aduaneira do sul da África (Sacu).
Os três países integram, desde 2003, o grupo conhecido como Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), criado com o objetivo de facilitar o diálogo, intensificar a cooperação e promover a troca de experiências.
Essa será a primeira reunião de cúpula do grupo, com a presença do presidente Lula, Singh e do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. (CT)


A jornalista CLÁUDIA TREVISAN viaja a convite do governo da Índia

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