São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Inflação recua pelo 3º mês com queda nos alimentos

IPCA fica em 0,28%, contra 0,53% em julho; em 12 meses, índice vai a 6,17%

Agosto registra menor taxa desde setembro de 2007 e pressiona BC; alimentos tem primeira variação negativa em dois anos

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) confirmou tendência de queda e se desacelerou para 0,28% em agosto, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a terceira queda consecutiva. Em julho, o índice que baliza a meta de inflação do Banco Central já havia registrado recuo, ficando em 0,53%, ante 0,74% no mês anterior.
Trata-se da menor taxa mensal desde setembro de 2007, quando havia ficado em 0,18%. A principal causa apontada pelo IBGE foi a queda dos preços dos alimentos, que tiveram variação negativa de 0,18%%, ante alta de 1,05% verificada em julho. Foi a primeira deflação desse grupo em dois anos.
Analistas apontam que os alimentos deverão exercer menor pressão daqui para a frente, depois de terem atingido altas significativas. Os preços deverão ser "devolvidos", indicam, ainda que não cheguem aos patamares observados antes da recente alta.
A queda do ritmo inflacionário pressiona o Banco Central, que decide na quarta-feira novo aumento dos juros básicos. A expectativa do mercado é de nova alta de 0,75 ponto, como no fim de julho, apesar dos sinais consistentes desde então de desaceleração dos preços.
O recuo em agosto ocorreu em razão da queda das commodities agrícolas no mercado internacional, avaliou o economista-chefe da corretora Concórdia, Élson Teles. Ele acrescentou que a elevação dos juros ainda não surtiu o efeito esperado nos preços.
"No curto prazo, os alimentos vão cair. Em setembro, deverão ficar em patamar próximo a outubro. Mas o pior já passou e a expectativa é que subam menos em 2009, depois de terem chegado a níveis bastante elevados", afirmou.
A coordenadora de índice de preços do IBGE, Eulina dos Santos, ressaltou que, apesar de os alimentos estarem em queda, o consumidor ainda não sente esse efeito no bolso. A forte alta verificada no primeiro semestre ainda não foi recuperada, ou seja, os alimentos estão em patamar elevado.
"Os alimentos estão menos caros. O consumidor continua pagando mais caro por produtos importantes, como a carne", afirmou. Tiveram quedas expressivas tomate (-36,91%), batata-inglesa (-6,55%) e feijão mulatinho (-6,46%).
No ano, a inflação acumula alta de 4,48% -no mesmo período em 2007, havia crescido 2,80%. Nos últimos 12 meses terminados em agosto, o IPCA acumula alta de 6,17%, abaixo dos 6,37% nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2007, a inflação pelo IPCA tinha subido 0,47%.
A meta do BC para a inflação neste ano é de 4,5%, com dois pontos percentuais de tolerância para cima ou para baixo.
"A inflação deverá ficar dentro da banda estimada. Revisamos nossa estimativa para 2008, de 6,70% para 6,10%, em razão basicamente da queda das commodities", afirmou o economista da consultoria Tendências, Gian Barbosa.


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