São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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Eleito vai ter pouco tempo para agir

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar das análises mais positivas dos especialistas do mercado financeiro, há entre eles quem esteja pessimista com o que virá depois da contagem dos votos. "A situação do país é muito grave e poderá eclodir uma crise cambial após as eleições, o que obrigaria o novo governo - seja quem for o eleito- a centralizar o câmbio", diz o consultor financeiro Walter Mundell.
Segundo Mundell, "estamos segurando a falta de financiamento externo ao país com um câmbio alto e um acordo com o FMI que não tem como ser cumprido", afirma. "O acordo com o Fundo parte do pressuposto de uma inflação baixa, um crescimento de 3,5% do PIB, uma taxa de juro real de 9% ao ano e um dólar a R$ 3,20. Isso é um sonho."
Para realizá-lo, segundo o consultor, o superávit primário terá de ser superior a 4% ou 4,2% do PIB. "Como não dá para subir mais os impostos e cortar mais gastos do governo, isso é inviável." Nesse cenário, o câmbio não recuaria e rebateria na inflação, estourando as metas do acordo firmado com o FMI.
Na sua opinião, se vencer o candidato do PT o "benefício da dúvida" que o mercado dará ao novo presidente poderá durar só uma semana. "O mercado vai dar muito pouco tempo ao Lula", diz. E isso jogaria o país numa profunda crise cambial.
Mais otimista, Odair Abate, economista-chefe do Lloyds TSB, diz que o cenário mais provável com que o banco trabalha é o de que o mercado se acalme após a eleição, independente de quem seja o novo presidente. "Se for Lula, o tempo que o mercado dará ao novo governo vai depender das atitudes que assumir após a eleição", diz.
Segundo Abate, "o benefício da dúvida poderá ser duradouro dependendo de como o novo presidente se manifeste e do tempo que ele vai pedir para explicitar sua equipe e suas propostas de ação para sanear a economia", acrescenta.
Segundo Abate, o mercado estava "exageradamente negativo e pessimista nos últimos meses e isso foi muito mais nefasto para o futuro da economia do país do que seria um governo de oposição".


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