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Eleito vai ter pouco tempo para agir
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar das análises mais positivas dos especialistas do mercado
financeiro, há entre eles quem esteja pessimista com o que virá depois da contagem dos votos. "A
situação do país é muito grave e
poderá eclodir uma crise cambial
após as eleições, o que obrigaria o
novo governo - seja quem for o
eleito- a centralizar o câmbio",
diz o consultor financeiro Walter
Mundell.
Segundo Mundell, "estamos segurando a falta de financiamento
externo ao país com um câmbio
alto e um acordo com o FMI que
não tem como ser cumprido",
afirma. "O acordo com o Fundo
parte do pressuposto de uma inflação baixa, um crescimento de
3,5% do PIB, uma taxa de juro real
de 9% ao ano e um dólar a R$ 3,20.
Isso é um sonho."
Para realizá-lo, segundo o consultor, o superávit primário terá
de ser superior a 4% ou 4,2% do
PIB. "Como não dá para subir
mais os impostos e cortar mais
gastos do governo, isso é inviável." Nesse cenário, o câmbio não
recuaria e rebateria na inflação,
estourando as metas do acordo
firmado com o FMI.
Na sua opinião, se vencer o candidato do PT o "benefício da dúvida" que o mercado dará ao novo presidente poderá durar só
uma semana. "O mercado vai dar
muito pouco tempo ao Lula", diz.
E isso jogaria o país numa profunda crise cambial.
Mais otimista, Odair Abate, economista-chefe do Lloyds TSB, diz
que o cenário mais provável com
que o banco trabalha é o de que o
mercado se acalme após a eleição,
independente de quem seja o novo presidente. "Se for Lula, o tempo que o mercado dará ao novo
governo vai depender das atitudes que assumir após a eleição",
diz.
Segundo Abate, "o benefício da
dúvida poderá ser duradouro dependendo de como o novo presidente se manifeste e do tempo
que ele vai pedir para explicitar
sua equipe e suas propostas de
ação para sanear a economia",
acrescenta.
Segundo Abate, o mercado estava "exageradamente negativo e
pessimista nos últimos meses e isso foi muito mais nefasto para o
futuro da economia do país do
que seria um governo de oposição".
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