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Conselheiro da Anatel ataca o governo
Nomeado por FHC, integrante da agência diz que ingerência do Executivo e dificuldades orçamentárias afetam credibilidade
Segundo Luiz Alberto da Silva, investidor estrangeiro teme investir no país devido à falta de independência
do órgão regulador
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
O advogado Luiz Alberto da
Silva, conselheiro da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) nomeado no governo FHC, rompeu o silêncio
do órgão regulador em relação
aos constantes atritos com o
ministro das Comunicações,
Hélio Costa, e disse que a disputa de poder assusta o investidor estrangeiro. "O investidor
se pergunta: será que eu ponho
meu dinheiro lá? Não sei quem
está mandando nesse negócio."
O conselheiro disse que, desde o final do governo FHC, o
Executivo limita a ação da Anatel pela asfixia financeira. "Começou no final do governo passado e vem se agravando. A
conseqüência é uma inoperância. Falta dinheiro até para fiscalização. Não há dinheiro para
contratar consultorias para assessorar a Anatel nas grandes
discussões, como a convergência tecnológica. Deixamos de
comparecer a reuniões de organismos internacionais por falta
de dinheiro para viagens."
Ele fez o desabafo no 8º Futurecom (seminário internacional de telecomunicações
que acabou ontem), depois que
o consultor argentino Celedonio Von Wuthenau disse que os
investidores vêem com tristeza
o quadro do setor no Brasil.
O presidente da Anatel, Plínio de Aguiar Júnior, tentou
minimizar o conflito com o
Executivo. "A agência tem tropeços de orçamento, mas tem
independência." Disse ainda
que não defende a independência total da Anatel, que, por lei,
deve responder ao Executivo.
O conflito entre a Anatel e o
ministério explodiu em agosto,
quando ela publicou o edital de
licitação das freqüências para
implantação das redes de banda larga sem fio (Wi-Max) e
proibiu as teles de participar do
leilão dentro de suas áreas de
concessão de telefonia fixa.
O ministro Costa, em coordenação com o Planalto, pediu o
adiamento do leilão, o que não
foi aceito pela Anatel. Costa
ameaçou intervir na agência,
mas a ameaça não foi cumprida. As teles conseguiram liminares na Justiça para participarem do leilão, que acabou suspenso por ordem do TCU (Tribunal de Contas da União).
O conselheiro Luiz Silva, que
deve deixar o cargo em novembro, disse que o Executivo tem
dificuldade de relacionamento
não só com a Anatel mas com
todas as agências reguladoras.
"A polêmica é de filosofia de entendimento. Este governo não
gosta do modelo das agências
reguladoras, não gosta da independência que elas têm, e isso
não tem conserto, a menos que
o Congresso aprove o projeto
de lei complementar que proíbe o contingenciamento dos recursos dos agências." Silva disse que a Anatel arrecadou R$ 2
bilhões neste ano em taxas,
apresentou orçamento de R$
500 milhões, mas obteve pouco
mais de R$ 200 milhões.
O Ministério das Comunicações interferiu no leilão da banda larga sem fio com o argumento de que prepara uma política pública para uso da banda
larga sem fio e que precisará de
parte das freqüências. Ontem
informou que o contingenciamento de recursos públicos é
uma política de governo.
A jornalista ELVIRA LOBATO viajou
a Florianópolis a convite da Futurecom
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