|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Planalto amplia barreiras antidumping
Em uma mudança na política de defesa comercial, governo acelera alta de tributação de importados com preço artificialmente baixo
Artigos chineses são os principais alvos da medida, que, segundo o governo, tenta proteger a indústria da concorrência desleal
LEANDRA PERES
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai aumentar, a
partir do fim da próxima semana, a tributação sobre a importação de sete produtos que, segundo o Planalto, estão entrando no país com preços artificialmente baixos e prejudicando empresas nacionais. A medida tomada pela Camex (Câmara de Comércio Exterior) confirma a mudança, antecipada
pela Folha ontem, na política
de defesa comercial do país.
A China é o principal alvo da
defesa comercial brasileira.
Das sete medidas que a Camex
autorizou, quatro se referem a
produtos de origem chinesa. A
explicação, segundo o diretor
do Departamento de Proteção
Comercial, Fernando Furlan, é
o crescimento agressivo da
China no comércio mundial.
Do total de medidas de proteção comercial, duas são de
caráter provisório e valem por
seis meses. O tecido índigo blue
importado da Alemanha terá
um acréscimo de US$ 382,59
por tonelada importada. As resinas de policarbonato, matéria-prima para a fabricação de
faróis e lanternas automotivas,
vindas dos Estados Unidos e da
União Européia terão de pagar
uma alíquota que variará de
US$ 362,46 a tonelada a US$
2.081,82 a tonelada.
Se somadas às outras quatro
medidas de proteção provisória concedidas em 2007, a decisão de ontem mostra que o uso
do chamado "direito antidumping provisório" neste ano já
superou o número dessas medidas concedidas pelo governo
desde o início do Plano Real.
Desde 1994, só houve aumentos provisórios na tributação
de produtos importados em
condições desleais de concorrência quatro vezes.
Entre as medidas anunciadas ontem, há também a revisão na tributação de dois produtos que já eram sobretaxados pelo país -pneus de bicicleta e papelão usado em embalagens como caixas de sabão
em pó e biscoitos- e a aplicação de direitos antidumping
definitivos, que duram até cinco anos, a chapas pré-sensibilizadas de alumínio usadas na
impressão offset, armações de
óculos e pedivela (peça da bicicleta onde se encaixa o pedal).
Essa última já era protegida
por uma medida provisória.
Rapidez
"Há uma determinação explícita do ministro Miguel Jorge [Desenvolvimento] para
que, havendo elementos que
indiquem dano à indústria nacional, sejamos o mais rápidos
possível na resposta", explicou
a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola.
Para conceder um direito antidumping provisório, o governo leva pouco mais de dois meses. Já no caso do direito definitivo, a análise leva de oito meses a um ano.
O dumping se caracteriza
quando uma empresa exporta
para o Brasil produtos a preço
abaixo do que pratica em seu
mercado de origem. Produtores brasileiros também podem
apontar a existência de dumping quando o preço do produto importado for mais baixo do
que o custo da matéria-prima
ou da produção no Brasil.
Os aumentos na tributação
anunciados pela Camex não devem ter impacto sobre as importações totais do país, segundo análise do próprio governo.
Lytha Spíndola explicou que
esse tipo de medida é "fundamental" para a empresa que está sendo prejudicada pela concorrência desleal, já que os preços artificialmente baixos podem levar à "falência", mas "na
balança comercial não têm expressão maior".
Isso também tem feito com
que o perfil das empresas que
recorrem à proteção do governo para fugir da concorrência
desleal venha mudando. De
acordo com Furlan, as medidas
antidumping eram normalmente requeridas por indústrias, e agora empresas que fabricam produtos acabados para
consumo final têm apresentado mais pedidos.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Antonio Corrêa de Lacerda: Contradições da (des)industrialização Índice
|