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Decisões emocionais prevalecem na Bolsa de Valores, diz analista
Nas turbulências, investidores se deixam guiar pelo medo e podem errar
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Por trás da forte oscilação
que a Bolsa de Valores de São
Paulo exibiu nos últimos dias,
sem prestar atenção aos fundamentos da economia brasileira
e freqüentemente ignorando
notícias que pudessem indicar
um caminho a seguir, está um
único sentimento, dizem analistas: o medo.
Mas não são apenas os estudiosos de finanças comportamentais, os quais se dedicam a
explicar as decisões de investimento com base em conceitos
da psicologia e da sociologia,
que fazem tal diagnóstico. Muitos operadores do mercado financeiro e gestores de recursos
admitem que se deixam levar
pelas emoções na hora de realizar os seus movimentos, tanto
nos tempos de grande incerteza quanto nos de bastante otimismo. A euforia esconde o risco e o pessimismo não deixa ver
a luz no fim do túnel.
Os pequenos investidores ficam ainda mais reféns da irracionalidade. Alimentam, dessa
maneira, o chamado "efeito
manada": sem saber exatamente o que fazer, todo mundo corre junto para o mesmo lado.
Não há elementos de pânico no
recente sobe-e-desce da Bovespa, porém está claro, na avaliação dos especialistas, que a insensatez tem prevalecido.
"Grande parte dos investidores que aplicam em ações atualmente só viveu o período de alta e somente contava com os lucros. Diante de uma crise, naturalmente acaba se assustando e
tem vontade de fugir, sair correndo", explica Jurandir Sell
Macedo Junior, professor da
UFSC (Universidade Federal
de Santa Catarina). "Se fizer isso, vai se machucar."
A melhor maneira de se proteger quando o nervosismo ao
redor está exacerbado é se ater
aos seus objetivos. "Quem quer
mais e mais acaba passando do
ponto. Ter uma estratégia clara
para o dinheiro e estabelecer,
antes de começar a aplicar, as
metas de retorno é essencial",
frisa Vera Rita de Mello Ferreira, professora da FIA (Fundação Instituto de Administração) e autora de livros sobre
psicologia econômica. "Além
disso, é preciso fazer uma comparação dos rendimentos com
o valor inicial e não com os picos que ocorreram no período,
porque aquele dinheiro não representou um ganho efetivo."
A Bolsa é um investimento
que oferece maiores riscos porque também apresenta chances
de ganhos maiores. Diversificar, escolhendo ações de setores diferentes e colocando ainda algumas parcelas os recursos em aplicações mais conservadoras ajuda a equilibrar os
perigos e evita dores de cabeça.
Entretanto, os lucros prometidos pelo longo prazo podem
não compensar o sofrimento de
ver as economias das famílias
se deteriorarem nas épocas de
turbulências no mercado acionário. Por isso, caso a angústia
seja demasiada, deve-se até
considerar vender as ações com
prejuízo e buscar uma opção de
poupança mais segura. "As reservas servem para proporcionar tranqüilidade e segurança,
e não ser fonte de ansiedade",
comenta Macedo.
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